Fantástico: para Arthur, os fatos são insignificantes

É compreensível a postura do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) diante do fato de a Rede Globo anunciar uma reportagem sobre compra de votos na campanha do governador José Melo (Pros). Aliados antes, durante e depois da campanha, é elementar que defenda o mandato do amigo. Mas ao fazer a defesa de Melo e creditar a Braga a orquestração de uma estratégia para tirar seu candidato do poder, Arthur, deliberadamente, ignora os fatos, antes mesmo que eles sejam apresentados. O eleitorado amazonense, tanto os que votaram em Melo quanto os que optaram por Braga, estão curiosos para saber o que o Fantástico tem a mostrar.

O prefeito Arthur Virgílio Neto faz a defesa incondicional do governador José Melo antes dos fatos emergirem  (Foto: Divulgação/Semcom)
O prefeito Arthur Virgílio Neto faz a defesa incondicional do governador José Melo antes dos fatos emergirem (Foto: Divulgação/Semcom)

E a pergunta que não quer calar é: “Os fatos estão calçados de provas?” Ao eleitor desapaixonado importa saber se houve ou não compra de votos. Neste sentido, a reportagem do Fantástico pode dar uma luz aos fatos que até aqui estão restritos à Polícia Federal, ao Ministério Público Eleitoral e a meia dúzia de advogados que tiveram acesso aos inquéritos e processos gerados a partir da disputa de 2014. Ao tentar tirar o foco do essencial, Arthur cumpre sua parte numa estratégia montada para minimizar o impacto da bomba que a Rede Globo promete estourar.

O caso de Rondônia

Em Rondônia, o governador do PMDB, Confúcio Moura, teve o mandato cassado na última quinta-feira, 5, pelo Tribunal Regional Eleitoral. E o beneficiário da decisão e autor da ação é Expedito Júnior, do PSDB, o partido do prefeito Arthur Virgílio Neto. O tucano perdeu a eleição por uma diferença de 53.900 votos. O cassado foi acusado de abuso de poder econômico por distribuição de almoço e refrigerantes para mais de 2.000 pessoas que participaram da convenção do PMDB, no dia 29 de junho, em Porto Velho, onde foi homologado o nome do então governador à reeleição.

É preciso esperar

Importa menos a comparação entre os pecados de um e de outro candidato ou governador reeleito em Rondônia e no Amazonas e mais os fatos em si. Se Confúcio Moura perdeu no TRE por distribuir refeição três meses antes da eleição, é preciso saber do que Melo é acusado para se fazer um julgamento de valor.

O dedo de Braga

Ninguém duvida de que Braga seria capaz de mover montanhas para tirar o governador José Melo do comando do Estado e que o tenha feito; tampouco que a Rede Globo por iniciativa própria fustigaria os processos do Ministério Publico ou os inquéritos da Polícia Federal para mostrar ao Brasil o comportamento de Melo nas eleições passadas. Mas ficaria muito feio se a emissora fizesse isso sem o mínimo de consistência no material a que teve acesso.

Tensão nas redações

As redações de jornais de Manaus vivem momentos de tensão às vésperas da reportagem do Fantástico, diante de um pedido pessoal do governador José Melo para que os veículos não repercutam o conteúdo a ser mostrado no domingo. Alguns já bateram o martelo e farão vista grossa; outros não.
 
 
 
 
Fonte:am atual

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