Rússia diz que está aberta a possíveis negociações sobre guerra na Ucrânia

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou os Estados Unidos e a Otan de desempenhar um papel direto e perigoso na guerra da Ucrânia e disse que Washington transformou Kiev em uma ameaça existencial para Moscou que não pode ser ignorada.

O principal diplomata da Rússia, falando nesta quinta-feira (01) durante sua entrevista coletiva anual em Moscou, também acusou os Estados Unidos e a Otan de tentar aumentar as tensões no Mar da China Meridional e de tentar subverter quaisquer órgãos regionais destinados a promover o diálogo, como a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático).

E ele defendeu uma campanha da Rússia que usou ataques aéreos, drones e mísseis para destruir a infraestrutura ucraniana, ataques que Kiev e o Ocidente chamaram de crimes de guerra. “Nós desativamos as instalações de energia (na Ucrânia) que permitem a vocês (o Ocidente) lançarem armas letais na Ucrânia para matar os russos”, disse Lavrov.

“Portanto, não diga que os EUA e a OTAN não participam desta guerra – vocês estão participando diretamente. Incluindo não apenas o fornecimento de armas, mas também o treinamento de pessoal – vocês treinam militares (ucranianos) em seu território”, acrescentou.

A postura de Lavrov é rejeitada pelo Ocidente, que diz que Moscou, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, é a beligerante. As potências ocidentais dizem que estão armando e treinando Kiev para ajudá-la a recapturar sua própria terra e que a Ucrânia não tem projetos territoriais em terras russas.

A Rússia, que dominava a Ucrânia antes da dissolução da União Soviética em 1991, chama sua intervenção em seu vizinho de “uma operação militar especial” para salvaguardar a segurança de Moscou.

Lavrov proferiu seu discurso antiocidente enquanto a invasão russa da Ucrânia avançava em seu décimo mês, com combates violentos no leste e autoridades em partes da Ucrânia ainda lutando para restaurar a eletricidade derrubada pelos ataques russos.

Lavrov acusou o Ocidente de tentar usar o conflito para destruir a Rússia . “Falar sobre o interesse do Ocidente em algum tipo de acordo pacífico não nos impressiona”, disse ele.

“O Ocidente anunciou publicamente que não quer apenas que a Rússia seja derrotada no campo de batalha. Disse que a Rússia deveria ser totalmente destruída como jogador. E alguns estão até realizando conferências especiais especulando sobre em quantas partes dividir a Rússia e quem vai liderar qual parte.”

Seus comentários parecem ser uma referência ao fato de que alguns políticos ocidentais disseram que querem garantir que a Rússia não represente uma ameaça para os países vizinhos no futuro, e às observações de alguns políticos ucranianos que especularam quanto tempo a Rússia pode manter unida como um país.

Negociações

Embora Lavrov tenha dedicado a maior parte do evento a críticas ao Ocidente, ele deixou claro que a Rússia está aberta à possibilidade de negociações, tanto com a Ucrânia quanto com os Estados Unidos.

A Rússia está pronta para ouvir qualquer um que queira conversar, disse ele. “Nunca se esquivou de possíveis contatos entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e mostrou-se disposto a receber os líderes alemão e francês quando eles quiseram discutir a Ucrânia”, completou.

A Ucrânia disse que só estará pronta para realizar negociações quando a Rússia se retirar de seu território, inclusive da Crimeia, que Moscou anexou em 2014. Kiev disse que a Rússia só usaria as negociações como uma chance de ganhar tempo e reconstruir suas forças armadas.

Por Redação

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