Como Donald Trump pode tentar usar politicamente sua possível prisão

A previsão feita pelo próprio Donald Trump de que ele seria preso nesta semana ainda não se concretizou. Mas enquanto a espera pelas acusações criminais continua, o ex-presidente traça uma estratégia para se manter em liberdade e turbinar sua tentativa histórica de voltar para a Casa Branca.

É uma tarefa árdua e, entocado em sua casa em Mar-a-Lago, Trump parece resignado a se tornar o primeiro presidente dos EUA a ser indiciado por um crime.

No entanto, também está claro que ele não irá para a prisão em silêncio. Escolhas tomadas em momentos anteriores de crise política servem como um guia para o que pode acontecer a seguir.

Quando encurralado por adversários políticos, Trump revida.

O ataque como defesa

Ao longo de sua campanha presidencial de 2016, ele optou pelo conflito em momentos em que outros políticos teriam recuado.

Ao ser criticado por atacar o então senador e herói de guerra John McCain, Trump aumentou suas investidas. Acusado de assédio sexual antes de um debate com Hillary Clinton, ele organizou uma coletiva de imprensa com as mulheres que acusaram Bill Clinton dos mesmos crimes.

Durante sua Presidência, a mesma conduta foi observada durante dois processos de impeachments, uma investigação do conselho especial sobre a interferência da Rússia nas eleições e inúmeras controvérsias menores.

“Se Trump for indiciado, o manual permanece exatamente o mesmo”, diz Bryan Lanza, estrategista republicano e conselheiro de Trump. “Atacar o que é judicial como político.” A melhor defesa, como diz o ditado do futebol americano, é um bom ataque.

Trump já está contra-atacando o promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, enquadrando-o como um promotor liberal determinado a buscar retaliação política contra o ex-presidente.

Um comunicado de imprensa divulgado por sua equipe na segunda-feira (20) referiu-se a ele como um “ativista progressista”, um “promotor desonesto” e um “tirano desperto que politizou o sistema de justiça”.

É de se esperar que esses ataques continuem se uma acusação for anunciada e se Trump decidir se enquadrar como vítima de uma conspiração esquerdista – algo que também fez regularmente em sua carreira política.

Segundo Maggie Haberman, do correspondente do jornal The New York Times na Casa Branca, o ex-presidente está “revigorado e irritado” com sua possível prisão. Ele está focado em parecer desafiador em qualquer possível aparição pública e pronto para retratar o caso como um ataque a seus próprios apoiadores.

O ex-presidente terá pelo menos duas oportunidades privilegiadas para desenvolver seu contra-ataque nos próximos dias. Uma deles é um comício planejado em Waco, Texas.

E se o passado serve como guia, o Trump que aparece durante comícios é o homem em sua forma mais pura, que sai roteiro e ataca, alimentando-se da energia das multidões.

A outra oportunidade para Trump, se ele for de fato indiciado, chegará no dia em que ele puder viajar para a cidade de Nova York para os registros policiais e acusação formal.

De acordo com Haberman, ele está obcecado com a chamada “caminhada do criminoso” — uma tradição de Nova York em que o acusado desfila em meio a uma multidão de repórteres a caminho do tribunal de Lower Manhattan.

Por questões de segurança, isso pode não acontecer, mas outra tradição judicial, a coletiva de imprensa na escadaria do tribunal, parece muito mais provável.

Isso daria ao ex-presidente, imerso no drama legal dos tablóides de Nova York, a oportunidade de atacar seus acusadores, retratar-se como vítima de uma elite liberal e dominar as manchetes nos Estados Unidos.

Por Redação

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