Raphael Souza Filho do ex-deputado Wallace Souza volta a cumprir pena em cadeia no AM

Filho do ex-deputado Wallace Souza, ele estava preso em batalhão da PM. Ele foi condenado a 9 anos de reclusão pela morte de um suposto traficante.
Raphael Wallace Souza, de 32 anos, voltou a cumprir pena em unidade prisional no Amazonas. Após decisão judicial, ele foi transferido do Batalhão do Comando de Policiamento Especializado (CPE) para o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) por desrespeitar horários e manter rotinas de festas no Batalhão do Comando de Policiamento Especializado (CPE). O filho do ex-deputado Wallace Souza cumpre pena pela morte de um suposto traficante. Raphael esteve envolvido em uma polêmica no início deste ano, quando conseguiu autorização para viajar ao Caribe.
O detento vai cumprir pena no semiaberto do Compaj. Questionada pelo G1, a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejus) não informou a data em que Raphael foi transferido nem se ele ficará em ala isolada por questões de segurança. A transferência de Raphael Souza foi determinada pela Vara de Execuções Penais (VEP) do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) no dia 10 de dezembro deste ano.
A decisão considerou relatos do então comandante do CPE, o tenente-coronel Fabiano Bó, que em fevereiro deste ano, denunciou transgressões cometidas pelo detento ao juiz titular da Vara de Execuções Penais (VEP), Luís Carlos Honório de Valois.
Conforme ofício encaminhado por Fabiano Bó à VEP, Raphael Souza cometeu falhas que foram registradas no Livro de Ocorrências do Regimento do Policiamento Montado. Uma delas ocorreu no plantão entre os dias 19 e 20 de fevereiro, quando o detento voltou ao quartel à meia-noite, de acordo com o comandante do CPE.
Por ser um detento do regime semiaberto, Raphael foi autorizado a permanecer fora da carceragem para trabalho externo de segunda a sexta-feira e aos domingos (se necessário), das 8h às 18h. Obrigatoriamente, ele deveria voltar para o batalhão até as 20h, pois tem duas horas extras para fazer o trajeto do trabalho ao CPE, que fica situado no bairro Dom Pedro.
“Ele [Raphael], no dia 20, retornou para o Batalhão meia-noite, ou seja, quatro horas após o determinado. No dia seguinte, ele não se apresentou à revista. Se ele não se apresentou, é porque não pernoitou na unidade. Ele justificou para mim, no dia seguinte, que havia esquecido de se apresentar”, explicou o comandante na época, quando pediu a transferência do detento.
Integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, que investiga a existência de uma rede de pedofilia no Amazonas, denunciaram que Raphael Souza foi visto transitando às 21h30 na Praia da Ponta Negra, Zona Oeste da capital. As supostas irregularidades foram relatadas ao corregedor-geral do Tribunal de Justiça do Amazonas, o desembargador Yedo Simões Oliveira, e a Vara de Execuções Penais começou a apurar o caso.
Em audiência realizada no dia 10 de dezembro, Raphael Souza disse que foi um equívoco do comandante e que não faltou. Entretanto, o detento chegou a pedir desculpas e dizer que não sairia mais para “baladas e outros eventos”.
Raphael solicitou a permanência no Batalhão alegando risco de morte. A justificativa não convenceu a juíza Mirza Telma, que determinou a transferência do detento para o regime semiaberto do Compaj.
“A justificativa do apenado não merece prosperar, tendo em vista as certidões da casa penal encaminhadas para este juízo. E sobre alegação de risco de morte, não procede, tendo em vista suas saídas pela cidade em dias e horas fora do permitido, para locais públicos e de alta periculosidade, se expondo a todos os perigos, inclusive e em especial de ser morto, comprovam que não corre o suposto risco de morte alegado”, justificou a magistrada na decisão.
A Justiça determinou que, inicialmente, Raphael ficasse em ala considerada segura. O TJAM decidiu ainda que a direção do Compaj deve enviar parecer à Justiça do Amazonas informando se o detento corre riscos.
Férias no Caribe
Raphael Wallace Souza já se envolveu em outras polêmicas. No início de 2014, ele foi autorizado pela Justiça do Amazonas a viajar para o Caribe, no entanto, desistiu do período de descanso em um resort. O TJAM tinha liberado o detento para viagem de dez dias à Ilha de Margarita, na Venezuela. O caso foi revelado pelo G1 no dia 10 de fevereiro. Depois que a liberação foi divulgada, a defesa anunciou que Raphael desistiu da viagem por problemas de saúde.
Entenda o caso
Em junho de 2012, Raphael Wallace Souza foi condenado a nove anos de reclusão por homicídio ocorrido em janeiro de 2007. Ele foi indiciado em três inquéritos policiais, sendo um por crimes do Sistema Nacional de Armas e um por Crimes Contra a Administração da Justiça. Consta no judiciário amazonense ainda uma ação penal por crimes de tráfico ilícito e uso indevido de drogas.
O pai de Raphael, o ex-deputado Wallace Souza, foi cassado e preso em outubro de 2009 por suspeita de encomendar mortes para exibir em um programa de televisão que apresentava com os irmãos, e por suspeita de comandar uma organização criminosa no Amazonas. Ele também era suspeito de formação de quadrilha, posse ilegal de arma e associação para o tráfico de drogas. Wallace morreu em 2010, vítima de uma parada cardíaca. Ele sofria de ascite (barriga d’água) em grau elevado.
 
Fonte: G1 AM/ Adneison Severiano

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