Raíssa, mais um caso…

A reportagem do Barrancas esteve hoje (26) pela manhã no velório de uma linda menina com apenas 11 anos, a menos de 3 dias estava cheia de vida, sonhos, mas hoje, só resta saudade para os seus pais e familiares. Raíssa era moradora do interior de Humaitá, da comunidade do Pariri, integrante de uma família trabalhadora que hoje chora a sua perda, uma ausência que nunca irá ser preenchida.
A Raíssa começou passar mal em casa,  os pais vendo o sofrimento,  vieram procurar o recurso na cidade, levaram a garota para o hospital para receber o tratamento adequado. No velório eles estavam sem condições de falar, desesperados, quem nos deu a entrevista, ainda muito abalada e chorando foi uma das irmãs da Raíssa,  Keila Oliveira do Vale, que relatou os fatos desde o momento em que sua irmã foi internada no Hospital de Humaitá.

”Quando a Raíssa deu entrada no hospital era aproximadamente o1h30 , ela estava com dores no abdome, diarreia e vômito, um médico a internou para abservação,  na troca de plantão outro médico, clinico geral, assumiu. Ele a medicou, mas ela ainda sentia dores, e foi mantida em observação aos cuidados de enfermeiras. Ela ficou internada até as 8h00, o médico deu alta, mas, a dor era tanta que ela desmaiou quatro vezes, e foi internada novamente.

A dor era tão insuportável que ela gritava. O cirugião foi chamado para avaliar o caso, foi feito rapidamente um ultrassom que diagnosticou uma pequena apendicite.Quando fomos atrás do clinico que estava de plantão, ele nos disse que o cirugião só poderia operar quando voltasse do almoço depois das 14h. Nesse intervalo ela sentia cada vez mais dor e estava aos gritos, desmaiando, muita gente presenciou.

Um policial vendo o sofrimento ligou para um vereador e pediu que intercedesse junto ao cirurgião para que voltasse e realizasse a operação. O veredador ligou para o médico e pediu que voltasse ao hospital e fizesse o que fosse necessário. Quando o cirugião chegou eram aproximadamente 14h, o médico não falou com a família sobre o estado de saúde da Raíssa. Ela foi levada a sala de cirurgia quando já eram 14h30. Nesse tempo a família aguardava notícias. Durante a cirurgia minha irmã teve 3 paradas cardíacas, mas a enfermeira nos informou que tudo corria bem, enquanto a Raissa sofria na mesa de cirurgia. e eles tentavam reanimá-la. Mas só fomos saber disso às 19h.

O médico começou a cirurgia e constatou que não era apendicite, mas ela só foi transferida para Porto Velho por volta da meia noite. Um outro médico acompanhou a viagem na ambulância. Ao chegar, ele falou para a familia que a Raíssa iria ficar bem, e que era normal estar assim porque tinha sido muito medicada. Enquanto eu e a minha irmã faziamos a ficha dela, nos chamaram para informar o falecimento, isso aconteceu em questão de 20 minutos, ela faleceu as 02h30min.

Fizemos de tudo, lutamos, brigamos com todos que estavam lá, pedindo socorro pela minha irmã, para que fizessem alguma coisa, mas, eles não fizeram, poderiam ter feito logo, se sabiam que era apendicite porque não fizeram a cirurgia imediatamente? Porque marcaram para as 14h horas se era uma coisa urgente? A pergunta que fica no ar é essa.”

O Principio de ser humano é sentir  amor, principalmente quando se trata de pessoas que cuidam das outras em um momento delicado.

 O que estamos vendo em algumas pessoas e em alguns profissionais da saúde  é a completa falta de amor ao próximo, o total descaso que se repete em muitos locais. Pessoas que escolheram essa profissão e recebem para atender bem, mas, não fazem a sua parte. Os cidadãos pagam impostos e não recebem o devido atendimento.
Para trabalhar em um hospital,  seja de qualquer nivel ou setor, serviços gerais, passando pelos auxiliares de enfermagem até os médicos, todos precisam fazer o melhor,sem distinção, vida não tem preço e nem retorno.Em um caso como o da Raíssa, o que fica é a dúvida: Até quando isso vai acontecer?
A família nos deu acesso ao atestado que constata as causas que levaram Raíssa a óbito
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A equipe do Portal Barrancas, tentou entrar em contato com a direção do hospital, mas até o momento da publicação não obteve resposta.
Reportagem:Luciane A.  Reichmann / foto: Luciane A. Reichmann  
 
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2 Comentários

  • Raimundo da Cost de Souza
    Raimundo da Cost de Souza

    É uma criança cheia de vida que partiu por uma saúde acabada, profissionais da
    pior categoria, gastaram todo o dinheiro da saúde e agora vidas são pedidas por alta de profissionais fica aqui meu repudio contra essa saúde mal administrada.
    A família meu sentimentos

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  • André Lopes
    André Lopes

    OMISSÃO – acredito que esta palavra deveria ser o tema desta reportagem. Para onde olhamos hoje enxergamos apenas omissão, e mais nada. O pobre cidadão não sabe mais nem a quem recorrer, ou melhor, somente a Deus… É omissão de quem DEVE prestar um serviço de qualidade, é omissão de quem DEVE fiscalizar, é omissão de quem DEVE investigar, é omissão de quem DEVE denunciar, é omissão de quem DEVE julgar, é omissão de todos, incluindo eu e você. E enquanto não se perde um ente querido, uma notícia desta não nos causa um mínimo de preocupação, é a grande praga do individualismo, onde cada um se preocupa apenas consigo mesmo, o vizinho, não sei nem quem é…

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