Moradores de barcos se preparam para forte vazante
Manaus – Moradores de embarcações da orla de Manaus têm vida nômade e seguem o ritmo da cheia e da vazante do Rio Negro. Com barcos ancorados próximos a bairros ribeirinhos da capital, essas famílias já se preparam para ancorar as embarcações mais distantes com a previsão de uma forte vazante.
No último dia 25, o superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Marco Antônio de Oliveira, informou que a previsão é de que a vazante do Rio Amazonas seja acima da média, este ano, caso o volume de chuvas não aumente nos próximos meses. A declaração foi dada durante a reunião do Parlamento Amazônico, na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).
Morador de um barco ancorado próximo ao bairro Aparecida, zona sul de Manaus, o marítimo Severino Brito do Nascimento, 44, é natural de Itamarati (a 985 quilômetros a sudoeste de Manaus) e mora na capital há 20 anos. “Quando o rio está cheio, a gente fica tranquilo porque ficamos aqui no igarapé (da Aparecida) e quando começa a secar a gente vai acompanhando as águas. Todo ano é esta mesma rotina. A dificuldade só aumenta quando o rio começa a secar. A gente fica sem energia porque fica cada vez mais longe e a gente precisaria de 500 metros de cabo, que custa muito caro”, disse.
Severino vive no barco com o filho dele e um casal de amigos. “A maioria dos marítimos mora nos próprios barcos onde trabalham, porque hoje é muito difícil pagar alguém para tomar conta das embarcações”, disse.
Há três décadas em Manaus, Plínio Pereira de Castro, 54, morador de um barco próximo ao Centro, disse que durante a vazante há aumento dos custos de manutenção. “Temos que investir em calafetação e ter muito cuidado, principalmente, com fortes chuvas, porque no meio do rio, onde ficamos durante a vazante, os ventos são muito mais fortes do que em terra firme”, disse Castro, de Urucurituba (a 208 quilômetros a leste de Manaus).
Castro consegue energia elétrica com ajuda de outros marítimos e água obtém de uma torneira próximo ao Comando Naval da Marinha.
Segundo Valmir Rodrigues Nascimento, 63, natural da Vila de Janauacá município de Manaquiri (a 60 quilômetros a sudoeste de Manaus) disse que preferia ter uma casa, mas é obrigado a morar em uma embarcação ancorada próximo ao Igarapé de Aparecida por causa do custo menor. “Aqui no barco, todo ano temos que ficar mudando. Eu queria ter uma casa. É muito melhor que um barco, em terra é mais seguro, tem risco de perder a embarcação em uma tempestade, e a gente tem que ficar trocando madeiras. Mas, em terra firme a gente tem que pagar imposto prá ter uma casa, né?!”, disse.
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