Governo do Canadá irá restringir a autorização para que alunos estrangeiros cursem graduação ou bacharelado. País se tornou um dos destinos preferidos dos brasileiros

O governo do Canadá anunciou em janeiro que, nos anos de 2024 e 2025, irá restringir a autorização para que alunos estrangeiros cursem graduação ou bacharelado. O país se tornou um dos destinos preferidos dos brasileiros nos últimos anos, diante das possibilidades de estudo que abrem portas para trabalho e residência permanente.

A redução de intercambistas deve ser em torno de 35%. Assim, cerca de 360 mil estrangeiros devem ser autorizados a frequentar esse tipo de curso neste ano. Em 2022, ano mais recente com dados disponíveis, o Canadá abrigava oficialmente 800 mil alunos estrangeiros de todos os níveis. Ainda não há números oficiais de 2023, mas estima-se que o total tenha subido para 1 milhão. Embora seja o segundo maior país do mundo em extensão territorial, o Canadá tem apenas 40 milhões de habitantes.

Ao anunciar a medida, o ministro da Imigração do Canadá, Marc Miller, justificou que as faculdades têm usado a presença de estudantes estrangeiros para interesses próprios. “É inaceitável que algumas instituições privadas venham se aproveitando dos estudantes estrangeiros, operando câmpus com poucos recursos, sem dar apoio aos alunos e cobrando mensalidades elevadas, enquanto aumentam significativamente a entrada de estudantes de fora do país”, criticou.

Outra razão, não mencionada pelo ministro mas evidenciada pelos números, é o déficit de moradias e o aumento do preço dos aluguéis. Até 2030 o país vai precisar de mais 2,5 milhões de moradias para atender toda sua população. O preço dos aluguéis aumentou 22% em dois anos. Quanto maior o número de estrangeiros, maior o déficit de moradias e mais inflacionados estarão os aluguéis.

Ensino médio

Para Jan Wrede, diretor da Divisão Canadá da CI Intercâmbio, maior empresa brasileira especializada em intercâmbio e turismo jovem, os brasileiros devem ser pouco afetados pela medida. “Poucos vêm para o Canadá para fazer esse tipo de curso (graduações, na maioria)”, afirma o executivo, que mora no país.

Segundo ele, historicamente os brasileiros procuram o país para fazer curso de línguas. “Até 2015, a maioria dos brasileiros vinha para cá para fazer curso de idiomas, aprender ou aperfeiçoar o inglês ou o francês. A partir daí é que o brasileiro passou a se interessar pelo ensino regular, mas a maioria procura é pelo ensino médio, que não vai ser afetado. E há outro fator: o Canadá valoriza muito a mistura de culturas. Sempre haverá espaço para uma quantidade de brasileiros”, afirma Wrede. “Praticamente todos os programas não tiveram alteração nem limitação do número de vistos.”

Segundo ele, as medidas atingem apenas quem frequenta o college, que oferece cursos técnicos e de graduação de curta duração (de um a três anos), ou universidade, que oferece os cursos de graduação mais longos. Conforme estatísticas do próprio governo canadense, entre países que mais enviam alunos para as universidades de lá estão Índia, China e Filipinas.

Por Redação

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