Especialistas debatem impactos de incêndios florestais à saúde humana em Manaus

Prejuízos das queimadas à saúde contribuem para a expectativa de vida do amazonense ser menor que a média nacional, segundo médico

A estruturação de um programa de pesquisa visando à formação de especialistas do Amazonas e a recomendação ao governo de apoio a ações que debatam o assunto foram os encaminhamentos do Seminário “Impactos da Poluição por Incêndios Florestais na Saúde Pública na Amazônia”, realizado nesta segunda-feira (3), na Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Zona Centro-Sul de Manaus.
Especialistas em meio ambiente e saúde humana debateram os prejuízos das queimadas à saúde humana. Doenças respiratórias, cardiovasculares e no sistema nervoso central estão entre os principais efeitos negativos provocados pelos incêndios, segundo os pesquisadores.
“Nós estamos vivendo aqui o final do verão. Esse é um momento onde a poluição do ar aumenta muito e a gente, como sociedade, tem dado pouca atenção à relação entre as queimadas e a saúde pública, não só nas áreas urbanas, mas também na zona rural”, afirma o superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana.
“Estamos caminhando para um mundo de mudanças do clima, onde a frequência de incêndios florestais já está aumentando, o risco de incêndios descontrolados é cada vez maior e nós precisamos pensar as consequências disso do ponto de vista da qualidade de vida. Em especial a dois grupos: o das crianças de até cinco anos e dos idosos acima de 70 anos”, ressalta.
Além da FAS, participaram do seminário o médico, pesquisador e professor universitário na Universidade de São Paulo (USP) Paulo Saldiva e representantes da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), da Universidade Nilton Lins e da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI).
Segundo o superintendente-geral da FAS, o projeto do programa de pesquisa começará a ser elaborado ainda em dezembro. A iniciativa deve ser desenvolvida em parceria com as instituições que participaram do seminário. “Será um programa robusto do ponto de vista científico e que também envolva a formação continuada dos pesquisadores do Amazonas nessa área”, explica Viana, destacando que o projeto será apresentado à Organização Mundial da Saúde e outras instituições nacionais para apoio.
Queimadas diminuem expectativa de vida do amazonense
Para o reitor da UnATI, o médico Euler Ribeiro, o fato de a expectativa de vida do amazonense, de 72 anos, ser menor que a média do brasileiro (79 para mulheres), tem relação com o avanço das queimadas florestais na região.
“A expectativa de vida no Amazonas difere para menos da expectativa de vida do povo brasileiro. Isso tem uma consequência muito grande na destruição das florestas com queimadas. As pessoas vivem menos porque as crianças e idosos são mais suscetíveis à inalação das substâncias colocadas com as queimadas na atmosfera. O que dá consequências, alterações agudas e crônicas no sistema respiratório e cardíaco, que podem levar a antecipação da finitude”, afirma Ribeiro.
Fonte https://www.acritica.com

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