Veterinários alertam sobre possível surto de Cinomose em Manaus

No último mês, o veterinário Bruno Figueiredo atendeu mais de 33 casos de cinomose, pelo menos 24 cachorros doentes tiveram que ser sacrificados
No último mês, o veterinário Bruno Figueiredo atendeu mais de 33 casos de cinomose, no qual pelo menos 24 cachorros tiveram que ser “sacrificados”. Todos os casos foram registrados na sua clínica, situada na Zona Leste da cidade. O veterinário conta que aumentou muito os registros da doença nesse período. “Estou atendendo alguns animais com a doença desde o início de agosto. Bastou o verão começar, que virou um cachorro atrás do outro”, diz ele.
Apesar de não trazer risco para os seres humanos, o vírus da cinomose é altamente contagioso e mortal para os cachorros, atingindo, principalmente, cães que tenham o sistema imunológico enfraquecido, como filhotes e cachorros idosos, ou cães que já estejam debilitados. A doença é a maior responsável pela mortalidade de cachorros não vacinados.
Ainda de acordo com o veterinário, o verão e a irresponsabilidade dos tutores dos animais facilitam a transmissão da doença. “Acaba que os proprietários não vacinam ou dão apenas um remédio contra verme e resolvem passear com seu animal de noite, achando que está fazendo bem”, comenta.
No outro lado da cidade, na Zona Sul, as coisas não são diferentes, a veterinária Larissa Evelyn também vem enfrentado problemas com esse vírus nos seus pacientes. Ela afirma que, nas últimas semanas, aumentou muito os atendimentos da sua clínica. Ela reclama que os tutores deixam para levar o cãozinho em um estágio avançado da doença. “Cinomose ainda não tem cura e quando o animal consegue escapar deixa sequelas. Mas é muito difícil sobreviver quando trazem o cãozinho está em estado grave”, afirma Larissa.
A veterinária orienta que as pessoas sejam mais cautelosas com o seu pet. “A doença é viral, então os tutores devem evitar que o seu pet tenha contato com animais que estejam infectados ou se estiver na área de animal que já teve a doença”. Ela complementa que não é recomendável criar um animal em seguida de outro, pois o vírus fica no ambiente. “Um exemplo claro é que tem gente que pega outro pet logo depois que um morre, e isso não pode. A gente aconselha que o local fique ao menos seis meses sem animal algum”, explicou.

Controle populacional

O descontrole populacional de cães e gatos em situação de rua na capital amazonense é um dos principais problemas para o controle do vírus. O assunto está em debate na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), por meio da PL29/2020, que propõe a castração de animais em situação de rua. O projeto foi escrito pela deputada estadual Joana Darc, defensora da esterilização animal.
“Sou defensora da castração exatamente por entender que esse controle populacional se trata de uma questão de saúde pública. Já apresentei alguns projetos que visam conscientizar a população sobre a importância da castração, a fim de evitar a proliferação de zoonoses e doenças virais como a cinomose”, diz.
A parlamentar conta que também tem projetos para combater especificamente a proliferação do vírus da Cinomose. “Propus que seja instituída no Amazonas uma Campanha de Vacinação Viral Canina, que deverá ser realizada anualmente no mês de outubro para incentivar a vacinação de cães”, conta a deputada.

O que diz o CCZ:

A equipe de A CRÍTICA entrou em contato com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) para saber se havia um possível surto do vírus na capital, em nota a central informou que “O CCZ trabalha no controle das Zoonoses com risco ao ser humano, portanto não temos como comprovar ou não a informação de aumento.”
A reportagem também solicitou o número de animais que vivem nas ruas e a central respondeu que não tem esses dados “A população animal que o CCZ trabalha é baseada na população humana da capital, segundo parâmetros do Ministério da Saúde e não discrimina situação de animal domiciliado ou de rua.”
 
Por JHONATAS SOUZA
Fonte A Crítica

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