Troca do comando na PF, Associação de peritos diz ver troca com 'atenção'
Atual secretário nacional de Segurança Pública substituirá Fernando Segovia na chefia da Polícia Federal. Associação de peritos diz ver troca com ‘atenção’; agentes manifestaram ‘total apoio’.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou uma nota nesta terça-feira (27) na qual avaliou que o novo diretor-geral da PF, Rogério Galloro, reúne “todas as condições técnicas” para comandar a corporação.
Também em nota, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), por outro lado, disse ver a troca com “atenção”, acrescentando que o novo diretor-geral precisa atuar de forma “livre” de pressões políticas.
Mais cedo, nesta terça, o novo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, decidiu demitir o atual diretor-geral, Fernando Segovia, e indicar Rogério Galloro para o cargo – hoje, ele é secretário nacional de Segurança Pública.
Segovia assumiu a PF em novembro do ano passado após ser indicado, segundo a TV Globo, pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e pelo ex-presidente da República José Sarney.
À época, Leandro Daiello, então diretor-geral, havia decidido se aposentar, e o ministro da Justiça, Torquato Jardim, a quem a PF era subordinada, apresentou o nome de Galloro para a direção-geral, mas o presidente Michel Temer optou por Segovia.
‘Total apoio’ a Galloro
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), que representa os agentes, também divulgou nota nesta terça sobre a troca no comando da PF.
Segundo a entidade, Galloro terá “total apoio” para conduzir os trabalhos da corporação.
“Rogério Galloro é considerado um perfil operacional, discreto e com bom relacionamento com os servidores do órgão. Tem se destacado pela dedicação nos setores onde foi lotado. É reconhecido pelos colegas como um nome qualificado para desempenhar as importantes atribuições da função”, diz trecho da nota da entidade.
Bastidores
Segundo o colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, a avaliação interna no governo é a de que a permanência de Segovia na PF iria ofuscar as ações do novo Ministério da Segurança Pública.
Além disso, informou a colunista do G1 Andréia Sadi, Temer e Raul Jungmann avaliaram que Segovia “perdeu a autoridade” sobre a corporação, assim como também perdeu a interlocução com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com a Procuradoria Geral da República (PGR).
Recentemente, Segovia foi intimado pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso a dar explicações por ter dado declarações públicas sobre um inquérito em que o presidente Temer é investigado.
Íntegra
Leia abaixo, na íntegra, as manifestações das entidades sobre a escolha de Rogério Galloro para a direção-geral da Polícia Federal.
Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF)
Para a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal – ADPF, o novo Diretor Geral da Polícia Federal, Delegado Rogério Galloro, com mais de 22 anos de experiência no exercício do cargo, reúne todas condições técnicas para desempenhar com eficiência o comando da instituição.
Entretanto, o momento impõe à toda sociedade uma importante reflexão: As trocas no comando demonstram a necessidade urgente da aprovação de mecanismos legais que confiram previsibilidade, estabilidade e proteção à Polícia Federal.
É fundamental a aprovação, pelo Congresso Nacional, de mandato para o cargo de Diretor-Geral e a sua nomeação com base em uma lista formada por quadros técnicos de carreira, escolhidos por delegados, a fim de oferecer ao presidente da República nomes qualificados para conduzir uma das mais respeitadas instituições brasileiras. É essencial também que os parlamentares aprovem rapidamente a proposta que estabelece autonomia administrativa, orçamentaria e financeira à Polícia Federal.
Essas medidas formam o sistema de proteção da Polícia Federal, garantindo a continuidade de suas ações de combate ao crime organizado e à corrupção.
Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF)
É com grande atenção que a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) acompanha a troca na direção-geral da PF.
Processos de mudança são naturais no âmbito da administração pública. É imprescindível, entretanto, que qualquer ação nesse sentido ocorra de forma a garantir que a instituição continue funcionando de acordo com o interesse público, livre de pautas corporativas e de pressões políticas, que não devem, sob nenhuma hipótese, influenciar o trabalho investigativo e a produção isenta da prova material, com a devida autonomia técnica, científica e funcional à perícia criminal federal.
A criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública, ao qual a Polícia Federal agora está vinculada, parece ser uma medida adequada às necessidades urgentes do combate ao crime, como maior integração entre as polícias e desenvolvimento de ações de inteligência. É preciso haver, independentemente do servidor que ocupe o cargo de diretor-geral, o comprometimento com essas ações e também com o contínuo desenvolvimento científico do órgão.
Marcos Camargo, presidente da ACPF
Federação Nacional dos Policiais Federais
NOTA À IMPRENSA
A Federação Nacional dos Policiais Federais recebeu com naturalidade a troca de comando da Polícia Federal anunciada nesta terça-feira (27) pelo recém-empossado ministro da Defesa Raul Jungmann. A entidade também manifesta que, assim como Fernando Segóvia, Rogério Galloro terá total apoio dos policiais federais para ocupar a função.
Na avaliação da entidade, diversos acontecimentos contribuíram para um desgaste da gestão de Segóvia. O então diretor assumiu a pasta em um momento de crise política. Na segurança pública, teve de enfrentar a resistência dos próprios pares e, recentemente, fez declarações conturbadas sobre o trabalho de investigação desempenhado pela Polícia Federal.
Nome que assumirá a Gestão, Rogério Galloro é considerado um perfil operacional, discreto e com bom relacionamento com os servidores do Órgão. Tem se destacado pela dedicação nos setores onde foi lotado. É reconhecido pelos colegas como um nome qualificado para desempenhar as importantes atribuições da função e chegou a ser cogitado pelo Presidência da República na ocasião da última troca de comando da Polícia Federal, em setembro de 2017.
A Fenapef agradece o empenho de Fernando Segóvia à frente do cargo e seu esforço em honrar os compromissos que assumiu com os policiais federais e deseja ao novo diretor-geral, Rogério Galloro, sucesso em mais essa missão.
A expectativa da Federação, especialmente diante da criação do Ministério da Segurança Pública, é que se inicie um debate profundo sobre o modelo de segurança pública brasileiro, assim como a busca pela integração nacional de todas as forças policiais, para combater a corrupção e as organizações criminosas que atuam no País.
Brasília, 27 de fevereiro de 2018
Fonte: G1
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