ONGS reclamam de autoridades do Egito, de medida abusivas de segurança e da falta de acesso a líderes que estão na reunião do clima

A Conferência do Clima (COP-27) começou domingo, mas já é alvo de ativistas climáticos e organizações não governamentais que consideram o início da COP “pobre” em discurso e ação e reclamam do afastamento das lideranças e da repressão de autoridades egípcias. De acordo com as ONGS, já houve pelo menos “138 prisões arbitrárias” antes de uma manifestação marcada para 11 de novembro.

O ativista ambiental Nyombi Morris, de 24 anos, de Uganda, viajou com a esperança de poder falar com os líderes reunidos na COP e expressar a voz dos africanos afetados pelas mudanças climáticas. Mas, desde que chegou ao aeroporto, os planos dele esbarraram em medidas de segurança que o mantiveram afastado de seus objetivos.

Morris tinha apenas 10 anos quando as inundações, agravadas, diz ele, pela mineração ilegal de areia nas margens de um rio próximo, varreram a casa e a fazenda de sua família em Butaleja. “Estou aqui para dar voz à minha mãe, que perdeu sua fazenda e sua casa em 2008 ”, diz. “Estou aqui para pedir uma compensação em favor da minha comunidade”, completa. No entanto, obstáculos não faltaram desde o primeiro dia.

Morris foi recebido com um interrogatório assim que desembarcou em Sharm el Sheikh. “Tendo em conta o interrogatório que tive no aeroporto, não será fácil fazer o que tínhamos planejado.” Ele pretendia entrar nas salas onde ocorrem as negociações.

Prisão

O indiano Ajit Rajagopal tinha os mesmos planos. Uma semana antes da COP, ele tentou fazer um gesto simbólico ao percorrer os 500 quilômetros que separam Cairo de Sharm el Sheikh em oito dias. Assim que saiu, foi preso, como o advogado egípcio que veio em seu auxílio. Os dois foram depois libertados graças a uma mobilização internacional. “Com o que aconteceu com aquele ativista indiano, como podemos ter certeza de que eles vão nos deixar em paz?”, indaga Morris.

Adam Coogle, da ONG Human Rights Watch , afirma que “o poder egípcio não tem intenção de flexibilizar suas medidas abusivas de segurança para dar espaço à liberdade de expressão e reunião”. No domingo, desafiando as restrições, ativistas de um grupo vegano se manifestaram com faixas com os dizeres “Seja vegano, faça as pazes”, na entrada do palácio do congresso.

Morris ficou na porta. “Nossas credenciais de ‘observador’ não nos permitem acesso. Então aqui estou acompanhando o que está acontecendo na internet.” “A COP está acontecendo na África, mas não tivemos nenhuma chance de nos expressar. O que estamos fazendo aqui então?”, questiona.

Por Redação

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