Em doze anos, empresário planta 18 mil árvores em margens de córrego
O paulistano Hélio Silva gosta de conversar com as árvores do Parque Linear Tiquatira, na Penha – é com a natureza que divide seus problemas. “Elas me ouvem e, se não indicam a solução, me ensinam a esperar com paciência até que as questões se resolvam”, diz. O morador da Zona Leste sabe tudo sobre as “amigas”, da espécie à época do seu plantio.
A tarefa não se mostra das mais simples. São aproximadamente18 000 exemplares, todos cultivados por ele em um trabalho de mais de uma década de duração. A iniciativa começou em 2003, quando Silva percebeu a necessidade de revitalizar parte das margens do Córrego Tiquatira. Sujo e degradado, o espaço da prefeitura servia como estacionamento. “Tive um despertar ecológico. Vendo a situação, falei para minha mulher que mudaria aquele cenário em uma década”, lembra. Mesmo desacreditado, decidiu lançar-se na empreitada.
A primeira tentativa foi frustrante. Vândalos arrancaram quase todas as 200 mudas compradas pelo empresário do setor de produtos orgânicos para arborizar o pedaço. Ele insistiu na ideia com uma segunda leva, dessa vez de 400 plantas, novamente destruídas. “Alguns comerciantes da região pensavam que as copas poderiam prejudicar a visibilidade de suas placas e ajudaram a acabar com o projeto”, acredita.
Aos poucos, no entanto, o verde foi tomando conta da paisagem e ganhando a simpatia dos moradores. Em 2007, viam-se 5 000 árvores por ali. O poder público também resolveu investir no terreno e criou o parque, o primeiro da capital a exibir o título de “linear”, com o objetivo de preservação ambiental ao longo de extensões de água. Hoje, em meio a jatobás, ipês e embaúbas, a área apresenta cerca de 150 espécies, a maioria originária da Mata Atlântica.
Silva garante que não vai parar. “Fiz um pacto com Deus”, afirma. “Vou plantar 50 000 árvores nesse parque até meu último dia de vida.” Ele gasta em média 2 000 reais por mês com a atividade. O investimento não é só financeiro: “Passei 610 fins de semana aqui. Deixei de vir só em uns dez.”
Fonte: www.planetasustentavel.abril.com.br