É possível fortalecer os idosos contra os sintomas da Covid-19

“Entre tantas más notícias com as quais temos nos deparado nas últimas semanas, há alguns feixes de luz, como os casos de idosos com mais de 80 anos que se curaram da Covid-19”

No Brasil e no exterior há histórias de pacientes curados com mais de 80 90, até 100 anos. Infelizmente, não são a maioria, mas demonstram que é possível vencer a doença em todas as fases da vida.
O que eles têm em comum? Certamente um organismo bem nutrido e um sistema imunológico fortalecido e atuante, entre outros fatores, que a medicina poderá esclarecer com mais propriedade.
O que posso dizer é que ainda dá tempo de fazer algumas modificações no hábito alimentar para fortalecer as defesas do organismo contra os sintomas causados pelo coronavírus, mesmo entre aqueles que já passaram dos 60.
Todos os dias 50 milhões de células se renovam no nosso organismo, temos, portanto uma oportunidade diária de aprimorarmos a nossa matéria-prima para obtermos novos resultados.
Diferentemente do que se pensa, mudar alguns hábitos pode não ser tão difícil, principalmente para os idosos, que têm a referência dos alimentos que costumavam comer na infância, aqueles que ficam gravados na nossa memória afetiva, quando predominava a boa e velha comida de verdade, que era só o que existia há mais de seis décadas atrás.
Vamos às dicas, que valem para todos nós e, em especial, para aqueles que já viveram bastante.
Faça refeições completas, ainda que em pouca quantidade
Normalmente os idosos sentem menos fome e isso é normal, porque o gasto energético também costuma diminuir com o passar dos anos. Mas ainda que o volume de comida seja pequeno, os alimentos devem ser nutritivos e variados.
É muito importante que se consuma todos as vitaminas, minerais e compostos bioativos necessários para o funcionamento do organismo, que só serão encontrados em uma refeição completa, com representantes de todos os grupos alimentares, como: cereais e leguminosas (arroz com feijão) carnes, verduras, legumes e frutas.
Capriche no jantar
Muitas pessoas que moram sozinhas perdem um pouco o ânimo de cozinhar apenas para si e substituem as refeições principais por sanduíches, copos de leite com biscoitos, chás ou mesmo por frutas e saladas.
O jantar costuma ser a primeira a ser abolida, porém ele deve ser o mais nutritivo possível, pois os alimentos consumidos cerca de duas horas antes de dormirmos servirão de matéria-prima para as atividades desenvolvidas pelo organismo durante o sono, uma etapa crucial para a renovação celular. Dependendo da qualidade do que for ingerido, poderemos atrapalhar ou ajudar esta renovação.
O ideal é comermos os mesmos alimentos do almoço, em menor quantidade e evitarmos carboidratos refinados e ultraprocessados, como bolacha recheada, torradas, bolinhos recheados, biscoitos salgados, pães refinados ou integrais, eles têm um índice glicêmico maior do que o do açúcar, assim como os derivados de leite, que são chamados insulinogênicos.
A insulina é um hormônio que se opõe ao hormônio do crescimento, liberado durante o sono, que tem a função de utilizar a gordura como energia, preservar a musculatura e renovar as células. Além disso, o consumo destes alimentos antes do sono poderá causar pequenas crises hipoglicêmicas ao longo da madrugada, que podem ser imperceptíveis ou causar sintomas como sudorese em excesso, sono agitado, pesadelos, despertar assustado com o coração acelerado, vontade de comer doce, cansaço ao despertar e enjôos matinais, entre outros
o fique mais de três horas sem comer
A falta de apetite pode fazer com que os idosos se esqueçam de comer. Mas depois de três horas de jejum, as chances de se sentirem fracos ou com tontura, aumenta com a idade. Não é preciso fazer grandes refeições, uma fruta nos intervalos já é suficiente para deixar o organismo mais ativo.
Tome muita água
É comum que os idosos se esqueçam de tomar água, mas nesta fase da vida uma boa hidratação é fundamental para melhorar a circulação, aumentar a oxigenação cerebral, para hidratar a pele, que costuma ser mais ressecada, evitar cálculos renais e de vesícula, melhor o funcionamento do intestino e do organismo como um todo.
Esqueça do leite de vaca
A maioria dos idosos costuma ouvir de seus familiares e até de seus médicos que é muito importante aumentar o consumo do leite de vaca, que seria um grande aliado da saúde óssea. Mas ao contrário do que se pensa, este alimento pode ser responsável por retirá-lo de dentro dos ossos. No início deste blog escrevi um post bem detalhado sobre este assunto: O mito do leite como fonte de cálcio.
Cuidado com o açúcar
Na terceira idade, muita gente passa a comer o que tem vontade, sem controlar a frequência ou a quantidade, porque já deixou de se preocupar com a aparência, o que há alguns anos poderia ser um impedimento. E os doces estão entre os alimentos que costumam ser incorporados em suas rotinas com o seguinte pensamento: ‘nessa altura da vida não vou mais passar vontade’.
É bom tomar bastante cuidado porque o açúcar atua diretamente no cérebro e o seu excesso pode ser uma das causas dos distúrbios degenerativos, comuns nesta fase da vida, entre aqueles que tiverem predisposição genética para desenvolvê-los.
A máxima de que ‘nunca é tarde para começar’ nunca esteve tão viva.
 
POR JULIANA CARREIRO
https://emais.estadao.com.br

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