Dois dias depois de volta às aulas, casos de covid fazem escolas de Manaus suspenderem atividades
“Colégio Militar V e Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) tiveram casos confirmados. No entanto, aulas foram suspensas apenas por 24 horas”
Após dois dias da abertura de escolas em Manaus, ao menos duas unidades tiveram a volta às aulas suspensa devido a casos de covid-19. O Colégio Militar da Polícia Militar V – Tenente Coronel Cândido José Mariano e o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Agenor Ferreira Lima suspenderam as atividades nesta quarta-feira (12).
O motivo, não confirmado pelas escolas, nem pela Secretaria da Educação do Amazonas, foi que professores teriam apresentado sintomas de covid-19 e testado positivo. As aulas foram retomadas na última segunda-feira (10). A rede pública de Manaus tem 100 mil estudantes.
Em vídeo, a professora do Ceja Priscila Soares diz que houve contaminação de um professor do período noturno. E que mesmo assim a escola pretende manter o plano de volta às aulas, independentemente do caso de covid-19, retomando as atividades amanhã (13). “A gente não pode aceitar isso. Isso demonstra a irresponsabilidade desse governo que não está preocupado com a segurança dos alunos, nem dos professores, nem de ninguém da escola. Se ele estivesse preocupado com a nossa segurança, não estaria nos mandando para esse retorno absurdo”, afirmou.
O Colégio Militar V divulgou nota nas redes sociais informando a suspensão das aulas e o procedimento de desinfecção, mas sem explicar os motivos. E garantiu a continuidade do plano de volta às aulas, mesmo com o caso de covid-19. “Após o novo procedimento de desinfecção, a unidade de ensino retomará suas atividades com o monitoramento da saúde dos profissionais e estudantes por meio do Programa de Vigilância Ativa”, diz o comunicado.
Wilson Miranda é cobrado
Manaus foi a primeira cidade a iniciar um plano de volta às aulas com medidas de proteção. No entanto, professores e outros trabalhadores da educação denunciaram que o kit de segurança distribuído contava com apenas uma máscara de pano. Nas redes sociais, estudantes criticaram o material entregue, que tinha tamanhos incompatíveis com as medidas dos alunos. Outras publicações relatam o uso incorreto do equipamento, cobrindo todo o rosto, pendurado na orelha ou preso abaixo do queixo.
Ontem, a Associação Sindical dos Professores e Pedagogos das Escolas Públicas de Manaus (Asprom Sindical) protocolou comunicado de greve por tempo indeterminado na Secretaria da Educação do Amazonas. O secretário de Comunicação da entidade, Lambert Melo, destacou que o estado voltou a registrar novos casos e mortes pela covid-19, e disse que a volta às aulas aumenta o risco de contaminação. “Só podemos falar em retorno quando a pandemia estiver controlada. A partir daí vamos discutir outras questões, como a reforma das janelas para facilitar a circulação do ar”, afirmou.
A Asprom Sindical denuncia que o governo de Wilson Miranda Lima (PSC) não realizou testagem prévia nos estudantes e professores, para detectar casos assintomáticos. Também cobrou uma ação específica no transporte coletivo, que terá a demanda aumentada com a circulação dos trabalhadores da educação, alunos e seus familiares. No estado, não há obrigatoriedade de usa de máscara no transporte coletivo, nem um programa de higienização intensificado dos veículos.
Por Rodrigo Gomes, da RBA