Mais de 3 milhões de contas no WhatsApp foram clonadas no Brasil este ano

“De fácil compartilhamento, os conteúdos enganosos costumam direcionar o usuário a páginas específicas com a promessa de conseguir algum benefício”

 

A aplicação de golpes em redes sociais tem sido recorrentes durante o período de isolamento social, no qual houve um drástico aumento no uso de dispositivos digitais. Pesquisa realizada pelo dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da empresa de ferramentas digitais PSafe, divulgou que mais de 3 milhões de brasileiros tiveram o WhatsApp clonado até julho deste ano.

No mês citado, foram registrados 340 mil vítimas do golpe em todo o País – a menor média desde janeiro de 2020. No entanto, os números continuam altos: segundo o estudo, há cerca de 40 mil golpes ainda ativos nas redes sociais. De fácil compartilhamento, os conteúdos enganosos costumam direcionar o usuário a páginas específicas com a promessa de conseguir algum benefício. O acesso ao site liga as notificações no navegador, por onde chegam novos golpes.

Ligações também podem ser outra ponte para as clonagens. O criminoso se passa por algum funcionário de empresa que a vítima costuma utilizar o serviço. No entanto, há uma tentativa de fazer com que o usuário repasse um código recebido por mensagem, permitindo o uso do WhatsApp em outro aparelho que não esteja em posse da pessoa.

A exemplo, o laboratório detectou 137 perfis falsos no Facebook com supostas ofertas para o Dia dos Pais de 2020. As contas fakes tentam se passar por grandes lojas do comércio virtual, como a Americanas.com e Ame Digital. No WhatsApp, até o nome da loja de materiais de construções Leroy Merlin foi utilizado em golpe com o intuito de roubar dados bancários das vítimas.

Com os dados solicitados nos links maliciosos, os criminosos são capazes de realizar transações financeiras e podem até mesmo fingir que são as vítimas para aplicar outros golpes, conforme explicou Emilio Simoni, diretor do dfndr lab. Segundo ele, a clonagem de cartão é um dos crimes digitais mais comuns, mas há a possibilidade de outros ocorrerem: abertura de contas, assinatura de serviços e realização de empréstimos podem ser feitos com os dados capturados durante o crime.

Promessas de acesso ao auxílio emergencial e a benefícios VIP estão entre os principais golpes de 2020

O relatório também traz as temáticas mais utilizadas para clonar o WhatsApp em 2020. Dentre elas, estão golpes da liberação do auxílio emergencial e falsas promoções. O golpe da liberação do benefício federal acontece com um link enviado pelas redes sociais.

Ao clicar no site, a vítima é direcionada a preencher um cadastro com número da conta-corrente e senha, quando solicitam o código PIN – número exclusivo recebido pelo usuário para validar acessos nas redes sociais do celular em outros dispositivos, como o tablet ou computador. 

O recurso é utilizado por redes sociais como o Telegram e o WhatsApp e protege o acesso do usuário, pois o número não pode ser compartilhado com terceiros.

Falsas pesquisas em nome do TeleSUS e do Datafolha também estão entre os crimes. Os golpistas ligam para a vítima e se passam por representantes do Ministério da Saúde ou do instituto de pesquisa com a desculpa de que estão realizando estudos sobre a Covid-19, pedindo o código PIN enviado ao celular do usuário como “forma de validar a pesquisa” – o que é mentira.

Falsas promoções envolvendo restaurantes luxuosos que oferecem um jantar ou hotéis que fornecem uma diária foram constantes. Nesses casos, os criminosos pedem os dados pessoais, telefone e código PIN para validar a participação do usuário na falsa promoção.

Dicas para proteção

O laboratório elencou algumas dicas para os usuários se protegerem de golpes não só em WhatsApp, mas em outras plataformas digitais. Dentre elas, verificar se o conteúdo é confiável. Em seu site, o dfndr lab disponibiliza a checagem de links.

Confira outras dicas:

– Tenha um bom sistema de segurança no celular; dê preferência a aplicativos que alertam em tempo real que você recebeu um conteúdo malicioso nas redes sociais. O próprio laboratório tem aplicativos disponíveis para Android e iOS.

– Compre apenas em sites confiáveis; verificar se a loja tem endereço, telefone e CNPJ estão entre as orientações do laboratório. Lembre-se que grandes empresas também costumam ter seus perfis em redes sociais como o Twitter, Instagram e Facebook com um selo de verificação.

– Nunca forneça dados pessoais ou bancários em sites de procedência desconhecida; desconfie de grandes promoções que prometem grandes brindes. Sempre procure os sites oficiais das lojas para confirmar a veracidade da promoção antes de clicar em algum link suspeito.

 
Por Marília Freitas
https://www.opovo.com.br

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