Das manifestações pró-Palestina às reações judaicas: entenda os protestos em universidades nos Estados Unidos
Protestos pró-palestinos eclodiram em campi universitários em todos os Estados Unidos, e os administradores escolares estão tentando, e em grande parte falhando, acalmar a situação. As tensões nos campi universitários americanos aumentaram desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, no qual militantes mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram mais de 200 reféns. O ataque retaliatório de Israel a Gaza matou mais de 34 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo grupo radical islâmico.
Desde 7 de outubro, multiplicaram-se os relatos de atos antissemitas nos EUA e, em particular, nos campi universitários. A islamofobia também proliferou. O recente aumento de protestos exacerbou essas tensões, forçando os líderes a decidir quando a liberdade de expressão no campus ultrapassa os limites e se torna uma ameaça.
Várias universidade chamaram a polícia para lidar com os manifestantes, o que levou à prisão de centenas de pessoas em vários campi. A situação agravou-se na semana passada na Universidade de Columbia, quando a presidente da instituição, Nemat “Minouche” Shafik, testemunhou perante um comitê da Câmara sobre a resposta da universidade às alegações de antissemitismo no campus. Ao mesmo tempo, um protesto pró-Palestina começou no campus.
Após seu depoimento, Shafik solicitou em uma carta divulgada pela universidade que o Departamento de Polícia da cidade de Nova York (NYPD) removesse as pessoas que estavam acampando no gramado sul do campus e que estavam “violando as regras e políticas da universidade e invadindo o campus”.
Acampamentos
Os acampamentos foram organizados pela Columbia University Apartheid Divest (CUAD), uma coalizão estudantil de mais de 100 organizações, incluindo a Students for Justice in Palestine e a Jewish Voice for Peace, para protestar contra o que descrevem como o “investimento financeiro contínuo da universidade em empresas que beneficiam do apartheid israelense, do genocídio e da ocupação militar da Palestina”, afirmaram numa nota para a imprensa.
Desde a última quinta-feira (25), outros campi universitários enfrentaram protestos e acampamentos semelhantes, bem como prisões. Acampamentos pró-palestinos foram montados no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, no Emerson College, na Universidade do Texas em Austin, na Universidade de Michigan e na Universidade da Califórnia em Berkeley.
A polícia deteve quase 100 manifestantes na Universidade do Sul da Califórnia após uma ordem de dispersão. A Polícia da Universidade de Yale deteve pelo menos 45 manifestantes e acusou-os de invasão de propriedade depois de se recusarem a sair, embora dezenas de manifestantes tenham permanecido lá.
A Universidade de Harvard fechou o Harvard Yard e os funcionários da escola suspenderam uma organização estudantil pró-palestina por supostamente violar as políticas escolares.
Enquanto isso, nove pessoas foram presas no campus Twin Cities da Universidade de Minnesota após formar um acampamento contrário à política do centro.
Estudantes, professores e funcionários da Universidade do Novo México protestaram pacificamente na segunda-feira em apoio a Gaza, disse a universidade em comunicado na terça-feira.
Mais de 100 pessoas foram presas na quarta-feira no Emerson College, em Boston, durante um protesto pró-Palestina, de acordo com o Departamento de Polícia de Boston.
O que pedem
Os manifestantes pró-palestinos em Columbia disseram que não se dispersarão até que a universidade concorde em cortar laços com instituições acadêmicas israelenses e se comprometa com um “desinvestimento total” dos seus fundos de entidades relacionadas com Israel, entre outras exigências.
Os manifestantes noutros campi estão fazendo exigências semelhantes, apelando aos campi para desinvestirem em empresas que vendem armas, equipamento de construção, serviços tecnológicos e outros itens a Israel.
As autoridades de Columbia alertaram no início desta semana que o campo viola as regras escolares, mas não forneceram consequências disciplinares específicas. As autoridades também rejeitaram as alegações dos manifestantes de que a escola ameaçava trazer a Guarda Nacional para ajudar a lidar com o acampamento de protesto pró-Palestina.
Reação judaica
A Páscoa, um importante feriado judaico, começou esta semana, levantando temores entre alguns estudantes judeus que ouviram comentários antissemitas em alguns dos protestos.
A atmosfera estava tão carregada que as autoridades da Columbia anunciaram que os alunos poderiam assistir às aulas e até fazer exames virtualmente a partir de segunda-feira. As informações são da CNN Brasil.
Por Redação