Mísseis de exercício militar da China caem em águas do Japão

Em um incidente inédito, cinco dos 11 mísseis balísticos lançados nesta quinta-feira (4) pela China durante um exercício militar próximo a Taiwan atingiram o mar do Japão, afirmou a imprensa local.

De acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, os cinco mísseis caíram dentro da zona econômica exclusiva do Japão, região no mar que faz parte das águas do país e fica a cerca de 370 quilômetros da costa.

O teste realizado na manhã desta quinta foi o maior com munição real já feito próximo a Taiwan e é uma reposta à visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha, que Pequim considera parte de seu território.

A chegada de Nancy, na última terça (2), enfureceu o governo chinês, que prometeu fortes retaliações aos Estados Unidos. Até agora, no entanto, foi a ilha asiática que pagou o preço maior e já começou a sofrer as consequências da visita com uma série de sanções anunciadas pela China.

O governo chinês se opõe a qualquer contato das principais autoridades de Taiwan com outras nações. Atualmente, somente 13 países e o Vaticano reconhecem a ilha como um Estado soberano. Os EUA têm uma política de “ambiguidade estratégica”: mantêm relações com o território, mas não o reconhecem como território autônomo.

Protesto formal

Esta é a primeira vez que mísseis da China atingem o mar do Japão, segundo o ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi. Kishi disse que o governo japonês enviou um protesto formal à China pela via diplomática.

O governo de Taiwan confirmou os exercícios, e disse ainda que navios da marinha chinesa e aeronaves militares chegaram a cruzar, por alguns instantes, a linha mediana do Estreito de Taiwan, marcação que separa os dois países.

Pequim argumentou que os exercícios militares, assim como outras manobras feitas nos últimos dias em torno de Taiwan, são respostas “justas e necessárias” e culpou os Estados Unidos e seus aliados pela escalada das tensões.

Retaliações 

Na quarta (3), Pequim suspendeu as importações de itens como frutas e produtos de pesca de Taiwan, além de paralisar as exportações de areia natural para a ilha. A alfândega chinesa ainda cancelou as importações de 35 exportadores taiwaneses de biscoitos e doces.

Pequim fez também um bloqueio aeronaval não oficial, como prévia dos exercícios desta quinta.

As represálias, até agora, têm sido vistas mais como simbólicas que práticas, um recado de Pequim ao governo de Taiwan do que mais pode estar por vir. Especialistas avaliam que as pressões do governo chinês à ilha já iriam aumentar, independente da visita da presidente da Câmara norte-americana.

A visita de Nancy a Taiwan marcou a primeira vez em 25 anos que um alto cargo do tipo dos Estados Unidos visitou a ilha de 24 milhões de habitantes, que a China reivindica ser parte do seu território. Por isso, Pequim disse que a viagem dela foi um “sinal severamente errado às forças separatistas a favor da independência de Taiwan” .

Na visita, que durou menos de 24 horas, Nancy encontrou-se com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, fez uma visita ao museu de Direitos Humanos de Taipei e visitou o Parlamento.

Embora ela tenha falado em nome dos Estados Unidos, a visita da presidente da Câmara não foi unanimidade dentro do país. Em 21 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden – que também é do Partido Democrata e próximo a Nancy – afirmou que os militares avaliavam que a visita não era “uma boa ideia”.

Ainda assim, a líder da Câmara, que tem um histórico de confronto com a China, insistiu na viagem. Há 30 anos, ela apareceu de surpresa na Praça da Paz Celestial com cartazes em homenagem aos dissidentes do governo chinês mortos no protesto que marcou o local em 1989.

Por Redação

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