Tratamento inédito desenvolvido no Brasil livra paciente do vírus HIV

“Estudo será apresentado nesta semana em evento científico internacional sobre aids”

 

Um tratamento inédito desenvolvido a partir de uma pesquisa brasileira feita na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), segundo informações preliminares, conseguiu eliminar o HIV de um homem que vivia com o vírus havia sete anos. Há 17 meses, não se encontra mais sinal do micro-organismo no paciente.
Os detalhes desse trabalho serão apresentados na terça-feira (7) na Conferência Internacional de Aids que terá início nesta segunda (6) de forma virtual em razão da pandemia de covid-19. A confirmação desse resultado tem importância histórica por ser o primeiro tratamento de sucesso contra o HIV que não envolve transplante de medula — solução que já obteve bons resultados em duas pessoas anteriormente.
A fórmula desenvolvida no Brasil para reduzir a replicação do HIV, segundo informações divulgadas em uma reportagem da rede CNN, utiliza combinações de diferentes remédios e uma vacina produzida a partir do DNA do próprio paciente.

— A gente intensificou o tratamento. Usamos três substâncias no estudo, além de criar uma vacina — declarou o infectologista Ricardo Dias, coordenador do trabalho, à CNN.
O estudo da Unifesp envolveu um pequeno número de homens que já apresentavam uma carga viral baixa, ou seja, uma quantidade de células infectadas tão pequena em razão de tratamentos anteriores que já não eram capazes de contaminar outras pessoas.

O chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz, afirma que já vinha acompanhando o andamento do trabalho. Segundo o especialista gaúcho, os resultados a serem apresentados à comunidade científica internacional devem marcar uma nova etapa na luta mundial contra a síndrome.
— Esse é um trabalho experimental bastante sério desenvolvido pelo professor Ricardo Diaz. Pelo que vinha acompanhando, essa parte da pesquisa envolvia um grupo de uns seis pacientes e, em um deles, o tratamento foi parado há cerca de um ano e meio, e o vírus não voltou mais — afirma Sprinz.
O infectologista gaúcho explica que, como o estudo será apresentado na terça-feira na conferência internacional, os dados detalhados ficam sob embargo até lá. Mas tudo indica que a ratificação desse resultado abrirá uma linha inédita de combate contra o HIV.
Até agora, apenas dois outros pacientes se livraram do vírus da aids no mundo — ambos receberam um transplante de medula em que uma espécie de “defeito genético” associado ao procedimento bloqueou a reprodução do HIV.
— Um transplante de medula tem alguns efeitos colaterais. O estudo brasileiro abre um novo caminho — sustenta Sprinz.
Em uma segunda etapa, a pesquisa deverá incluir voluntárias mulheres (até o momento, os participantes eram homens) e somar cerca de 60 pessoas.
 
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