Republicanos mantêm silêncio após brasileiro eleito deputado nos Estados Unidos admitir mentiras

Nenhuma palavra foi dita pelos líderes republicanos na Câmara depois que George Santos, filho de brasileiros eleito deputado nos EUA, admitiu uma longa lista de falsidades sobre seu passado, mas ainda assim prometeu tomar posse no Congresso em 3 de janeiro.

O silêncio sugere que, por enquanto, eles não devem punir o novo congressista que, enquanto enganava os eleitores, conquistou nas eleições de novembro uma vaga anteriormente ocupada por um democrata e ajudou os republicanos a garantirem uma estreita maioria na Casa.

Apoiador do ex-presidente Donald Trump e do presidente Jair Bolsonaro, Santos foi eleito para representar um distrito eleitoral que representa partes da cidade de Long Island e do distrito nova-iorquino do Queens. Na última terça-feira (27), ele reconheceu ter mentido sobre sua graduação no ensino superior e feito alegações enganosas de que havia trabalhado para o Citigroup e o Goldman Sachs, duas importantes firmas de Wall Street. Ele também disse ter mentido sobre um portfólio familiar com 13 propriedades, afirmando não ter nenhuma.

Os deputados do Partido Republicano, liderados por Kevin McCarthy, da Califórnia, no entanto, têm apoiado correligionários que enfrentam escrutínio por diversos tipos de crime, incluindo candidatos que participaram da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro e de eventos racistas. No caso de Santos, eles provavelmente têm ainda menos incentivo político para agir contra ele. Ainda assim, algumas críticas começaram a surgir entre os republicanos de Nova York.

No entanto, se os líderes do partido exigissem a renúncia de Santos, isso levaria a uma eleição especial para sua vaga, um golpe em potencial para a já precária maioria republicana, de apenas quatro cadeiras. Além disso, Santos prometeu votar em McCarthy para presidente da Câmara na semana que vem, uma demonstração importante de apoio ao líder republicano, que está enfrentando uma revolta à direita e precisa de todos os votos que puder obter.

Representantes dos líderes republicanos da Câmara não responderam imediatamente aos pedidos de comentários nem ofereceram quaisquer declarações públicas sobre o assunto. Em particular, a liderança republicana da Câmara parece admitir que a situação de Santos é problemática, mas justificou a falta de condenação pública argumentando que os democratas têm seus próprios membros problemáticos.

A deputada Marjorie Taylor Greene, republicana da Geórgia, antecipou esse argumento no Twitter na terça-feira, admitindo que Santos “mentiu sobre seu currículo” antes de acusar vários democratas de também mentirem. No mesmo dia, porém, Nick LaLota, um republicano de Nova York recém-eleito para a Câmara, pediu que a Comissão de Ética investigasse Santos e acrescentou que apoiaria uma investigação criminal, se necessário.

Matt Brooks, chefe da Coalizão Judaica Republicana, um influente grupo conservador, disse que Santos não seria mais bem-vindo em seus eventos. Durante a campanha, o deputado eleito alegou que era católico, mas também reivindicou herança judaica, e recentemente disse a uma agência de notícias judaica que era um judeu não praticante.

A Coalizão Judaica Republicana chegou a anunciar Santos como um republicano judeu em seus eventos, inclusive em sua conferência de líderes em Las Vegas no mês passado e em uma festa de Hanucá em Long Island na noite anterior à publicação da reportagem do New York Times revelando que o republicano havia mentido sobre vários aspectos do seu passado. “Ele nos enganou e deturpou sua herança”, disse Brooks em comunicado.

Uma punição política a Santos, porém, parece estar fora do radar. O Congresso raramente toma medidas disciplinares sérias contra seus próprios membros, a menos que seus delitos éticos se tornem um crime federal. O último deputado expulso foi James Traficant Jr., democrata de Ohio, em 2002, depois de ter sido condenado por 10 acusações criminais, incluindo suborno, extorsão e sonegação de impostos.

A Comissão de Ética da Câmara, um painel bipartidário de congressistas que historicamente também evita punir seus próprios colegas, não comentou o caso de Santos e está no limbo até que um novo Congresso tome posse em 3 de janeiro. Mas, mesmo que iniciasse um inquérito assim que Santos assuma, suas investigações se arrastariam por meses ou mesmo anos e dificilmente resultariam em uma punição significativa.

Por Redação

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