Protestos na Austrália pedem o fim da monarquia britânica

No dia em que o país realizava homenagens à rainha Elizabeth II, grupos indígenas promoveram manifestações condenando o legado colonial britânico e exigindo a devolução de suas terras tradicionais. No mesmo dia em que a Austrália promoveu um feriado em memória da monarca, centenas de pessoas realizaram um ato público em protesto contra o impacto destrutivo do legado colonial britânico para os povos indígenas.

Os participantes do movimento “Abolir a monarquia” se reuniram nesta quinta-feira (22) em várias cidades, incluindo Sidney, Melbourne e Canberra, para protestar contra a perseguição aos indígenas desde a chegada dos britânicos na Austrália, há mais de dois séculos.

A chegada dos primeiros colonos britânicos em 1788 marcou o início de dois séculos de discriminação e opressão dos indígenas australianos que habitam o continente há cerca de 65 mil anos, segundo estimativas.

Em Sidney, uma multidão se reuniu próximo à estátua da rainha Victoria no Centro cidade, antes de iniciarem uma passeata. O movimento pede a devolução de terras indígenas e compensações por crimes cometidos pelos colonizadores britânicos.

Longa jornada

Durante uma cerimônia em memória de Elizabeth 2ª em Canberra, o governador-geral da Austrália, David Hurley, que representa a monarquia britânica, disse reconhecer as reivindicações dos representantes dos primeiros habitantes do continente.

“Tendo em vista o papel unificador que Sua Majestade desempenhava, eu reconheço que seu falecimento tenha incitado reações diferentes em alguns de nossa comunidade”, afirmou,

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, prometeu que durante os três anos de seu primeiro mandato haverá a realização de um referendo para dar aos povos indígenas o direto de serem consultados por parlamentares sobre questões que os afetem, a chamada Voz no Parlamento.

Mesmo sendo um ávido apoiador do republicanismo, Albanese fez da Voz no Parlamento a sua prioridade, rejeitando discutir uma transição para um regime republicano na Austrália, algo que considerou inadequado durante o período de luto.

Desigualdades

A perseguição aos indígenas ficou marcada na história australiana, desde a dizimação da população após a colonização, até a implementação de políticas como a remoção forçada das crianças.

As desigualdades enfrentadas pelos aborígenes e nativos do Estreito de Torres na Austrália ainda são significativas. Os indígenas, inclusive, têm expectativa de vida bem mais baixa do que a dos demais australianos.

Por Redação

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