Presidente dos Sri Lanka foge para as Maldivas

O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, deixou o país na madrugada desta quarta-feira (13, noite desta terça 12 no Brasil) em um avião militar com destino às Maldivas. A fuga é um provável prelúdio da renúncia que prometeu anunciar após meses de protestos generalizados contra a pior crise econômica da história nacional.

Após milhares de manifestantes invadiram a residência oficial do presidente no último sábado, Rajapaksa prometeu que renunciaria e abriria o caminho para uma “transição pacífica” do poder.

Rajapaksa saiu do país beneficiando-se de imunidade presidencial para buscar refúgio no exterior e não ser detido em seu país.

O presidente de 73 anos, sua esposa e um guarda-costas deixaram o país a bordo de um avião Antonov-32 que decolou do principal aeroporto internacional, disseram autoridades da imigração à AFP.

“Seus passaportes foram carimbados e eles embarcaram no voo especial da força aérea”, disse um funcionário da imigração.

O avião ficou mais de uma hora na pista sem poder decolar após uma confusão sobre a permissão para pousar nas Maldivas, segundo autoridades do aeroporto. Este arquipélago encontra-se ao sudoeste do Sri Lanka, no Oceano Índico.

Poucas horas antes, Rajapaksa havia considerado a possibilidade de deixar o país em um barco de patrulha da Marinha, já que no dia anterior não conseguiu pegar um avião para Dubai após uma briga com o serviço de imigração no aeroporto, segundo fontes oficiais.

No fim de semana, o presidente fugiu de sua residência sob pressão de milhares de manifestantes que finalmente invadiram o complexo presidencial.

Sala VIP

O chefe de Estado e sua esposa passaram a noite anterior à viagem que pretendiam fazer a Dubai em uma base militar, segundo fontes oficiais.

No aeroporto, porém, os funcionários do serviço de imigração negaram acesso à sala VIP para carimbar seu passaporte. Rajapaksa queria evitar o terminal público por medo da reação das pessoas presentes.

Seu irmão Basil, que pediu demissão em abril do cargo de ministro das Finanças, também não conseguiu embarcar no avião com destino a Dubai.

“Alguns passageiros protestaram contra o embarque de Basil em seu voo”, afirmou à AFP um funcionário do aeroporto.

“Foi uma situação tensa e ele decidiu abandonar o aeroporto de forma precipitada”, acrescentou.

Dinheiro em espécie

Basil, que também tem nacionalidade americana, precisou obter um novo passaporte depois que deixou o seu na mansão presidencial quando a família foi obrigada a fugir antes da invasão da multidão furiosa, afirmou uma fonte diplomática.

De acordo com fontes oficiais, na residência foram encontradas uma mala repleta de documentos e 17,85 milhões de rupias (US$ 50 mil), que foram entregues às autoridades.

Se Rajapaksa renunciar como prometeu, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe o substituirá até que o Parlamento escolha um presidente interino para o restante de seu mandato, que termina em novembro de 2024.
Mas Wickremesinghe também não goza de legitimidade diante dos manifestantes, que estão acampados em frente à secretaria presidencial há mais de três meses para exigir a renúncia do presidente.

O primeiro-ministro anunciou sua disposição de renunciar se for alcançado um consenso para formar um governo de unidade.

Rajapaksa é acusado de péssima gestão da economia, o que levou o país a um cenário de caos e uma crise profunda por falta de divisas, o que torna impossível financiar as importações de produtos essenciais para a população de 22 milhões de habitantes.

O Sri Lanka declarou moratória da sua dívida de US$ 51 bilhões em abril e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber um empréstimo.

Além disso, o país quase esgotou suas reservas de combustível e o governo ordenou o fechamento das administrações não essenciais e das escolas para reduzir os deslocamentos.

Por Redação

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