Os “titãs” da imprensa de Manaus e suas guerras particulares de informações

Durante as eleições para o governo do Estado, um deles, fazia o estilo mais “imparcial” , do tipo meu veículo de comunicação não tem candidato – como se isso fosse possível de existir -, mas chegou a dizer em sua rádio que não via “nada de grave em um subsecretário de Justiça e Cidadania se reunir com traficante no presídio”, mas nem por um minuto falou que o tal subsecretário ouviu calado do traficante que ele é que “fazia a disciplina dentro e fora do presídio” –  numa demonstração de que bandido manda mais do que a polícia ou o Governo, né gente? – e ainda prometia que o governador ia ter mais de 100 mil votos da bandidagem do tráfico.
O outro, escancaradamente tinha lado, e não tinha um dia sequer em que não esculhambava – literalmente falando – em seu portal o adversário do governador José Melo, o então senador e hoje ministro Eduardo Braga, que fez questão de endemoniar – pelo jeito conseguiu, né gente? Tudo que podia ser tipificado como crime eleitoral virou “armação de Braga”. Se os comandantes da polícia apareciam em vídeos e áudios tirando a polícia da rua pra fazer carreata, panfletagem, passeata e participar do Horário de Propaganda Gratuita como garotos propagandas do governador, isso não passava de “enganação” armada por Braga. Se o Governo estava distribuindo tablete pra tudo que é estudante mas somente os que já eram eleitores, isso também era “invenção do adversário”. Até crimes como assaltos violentos e fuga em massa do presídio tinham “o dedo de Braga”, segundo o dito portal, com o intuito de “manchar a imagem do governador, o menino pobre e humilde filho de seringueiro” – se a denúncia do sucateamento das viaturas do Ronda no Bairro fosse durante o período eleitoral eram capaz dele dizer que foi Braga que mandou jogar as viaturas no matagal.
Mas, apesar da diferença nos tons do discurso, ninguém é tão leso que não sabe ver, que no final das contas está todo mundo do mesmo lado, afinal quero ver quem tem coragem de dizer que o patrocínio mensal do Governo do Estado para os grandes veículos de comunicação,  com cotas mensais que chegam – pelo menos no ano passado era assim – a R$ 800 mil por veículo não significa nada na hora de definir o que vai ser divulgado – dizem até que tem denuncia “boiando” só após as eleições porque o “pobre e humilde filho de seringueiro” gastou tanto na campanha que não pagou certos veículos e agora tá levando peia.
Provas e cassação
Mas, esta semana, os dois empresários da comunicação local, os jornalistas Ronaldo Tiradentes e Raimundo Holanda decidiram entrar em rota de colisão em matéria de opinião e posição política, e ainda bombardearam o público com informações contraditórias. Tiradentes deu certeza, em seu blog e em comentários feitos na rádio CBN, que o governador José Melo “terá mandato relâmpago até o mês março” quando serão julgadas as ações contra ele por crime eleitoral, uma delas inclusive proposta pela própria Procuradoria Regional Eleitoral . Tiradentes escreveu e disse em alto e bom som que as provas contra o governador que estão na Justiça eleitoral são “demolidoras”.
“Melo usou e abusou da máquina. Distribuiu dinheiro, computadores, remédios, asfalto e fez convênios com prefeituras, numa farra sem precedentes”, afirmou Tiradentes, acrescentando ainda que para se manter no cargo o governador estaria “pressionando a Corte eleitoral, mas fontes garantem que as pressões não terão nenhum efeito”.
E, em tom de premonição que deixou um monte de gente do governo em polvorosa, Tiradentes disparou: “E há quem diga que faltará espaço na cela da Polícia Federal, quando descobrirem quanto foi gasto através de caixa 2”.
Justiça suspeita
Já o proprietário do Portal do Holanda, o jornalista Raimundo Holanda,desqualificou tudo o que disse Tiradentes, tratando de lançar mais uma vez sua eterna teoria de “conspiração de Braga contra Melo”, porém numa atitude não muito prudente colocou toda a corte eleitoral sob suspeita. Primeiro, desclassificou todas as denúncias de crime eleitoral contra o governador, denominando as acusações de uso da máquina pública, inclusive do aparelho policial, como “frágeis” e que “não autorizam a ligação de Melo a suposta violação das regras do processo eleitoral”. Com isso, atingiu em cheio a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) de onde partiu a principal, e quem sabe mais contundente, acusação de crime eleitoral, com afirmação feita pelo próprio procurador eleitoral de que teria ocorrido “aparelhamento das polícias em benefício da candidatura à reeleição do governador”
A PRE, inclusive, entrou com Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) e pedido de cassação de registro de candidato de Melo, seu vice, Henrique Oliveira, e do então candidato a deputado estadual (agora eleito), o policial militar, Platiny Soares. Raimundo Holanda foi além da desqualificação da ação proposta pela Justiça eleitoral e colocou sob suspeição até mesmo a presidente do tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargadora Socorro Guedes, lembrando que ela “foi nomeada para o cargo vitalício por Braga no seu primeiro mandato de governador”, e ainda saiu “desfiando um rosário” de queixumes e suspeitas sobre juízes como Délcio Luis e Affimar Cabo Verde.
Mas esqueceu, propositalmente é lógico, de dizer que isso ocorre em todas as cortes do Estado que têm seus membros escolhidos e nomeados pelos governadores em suas respectivas gestões. É só lembrar que o Procurador Geral de Justiça do Estado, o chefe do Ministério Público, órgão que é o Fiscal da Lei no Amazonas, o promotor Fábio Monteiro, foi nomeado por Melo, assim como seu antecessor, o promotor público Francisco Cruz foi nomeado por Omar quando era governador. Será que isso significa que eles estavam (em se tratado de Cruz), ou estão (em se tratando de Monteiro) a serviço dos governadores que os nomearam e não a serviço da Lei? Espero poder continuar acreditando que não!
Trincheiras opostas
E, levando-se em consideração as diferenças gritantes das posições e discursos, Ronaldo Tiradentes e Raimundo Holanda estão, pelo menos por enquanto, em trincheiras opostas. Qual vai acertar sua artilharia no alvo certo das previsões sobre a decisão da Justiça Eleitoral, isso a gente só vai saber com o resultado do julgamento das ações.
Mas, na verdade o alvo das atenções e da disputa não está em Braga e Melo, nem em fazer justiça ou não, ou na verdade e na mentira, mas sim passa por interesses em fazer comunicação que atinja da Esplanada dos Ministérios ao Palácio do Governo, nem mais, nem menos.
 
 
 
fonte: radar amazonico / por Any Margareth

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