O que se sabe sobre os protestos contra a covid na China que pedem por renúncia de Xi Jinping

Os protestos contra as restrições pela covid na China se intensificaram neste fim de semana, na sequência de um incêndio que matou 10 pessoas num bloco de apartamentos em Urumqi, capital da região autônoma de Xinjiang Uyghur, no oeste do país. Milhares de pessoas foram às ruas de Xangai para lembrar as vítimas e protestar contra as restrições. Muitos dos presentes exigiram a renúncia do presidente Xi Jinping.

Conforme testemunho da BBC, pelo menos três pessoas foram levadas em carros da polícia.

Muitos apontam o confinamento em prédios como a causa das mortes no incêndio. Embora as autoridades chinesas neguem que essa tenha sido a causa, as autoridades de Urumqi emitiram um raro pedido de desculpas na sexta-feira (25), prometendo “restaurar a ordem” removendo gradualmente as restrições.

No protesto em Xangai, a maior cidade da China e centro financeiro mundial, algumas pessoas foram vistas acendendo velas e deixando flores para as vítimas.

Outras entoavam slogans como “Xi Jinping, renuncie” e “Partido Comunista, renuncie”. Algumas também seguravam faixas em branco. Manifestações como essas são incomuns na China, onde qualquer crítica direta ao governo e ao presidente pode resultar em duras represálias.

Um manifestante disse à BBC que ficou “chocado e empolgado” ao ver as pessoas nas ruas, dizendo ser a primeira vez que via dissidência em larga escala na China. Ele também disse que os confinamentos o deixaram “triste, com raiva e sem esperança” e o impediram de ver sua mãe doente, que estava em tratamento contra um câncer.

Outro manifestante disse à BBC que os policiais foram questionados sobre como se sentiam sobre os protestos e a resposta foi “como você”. Mas, ressalvou ele, “eles usam seus uniformes, então estão fazendo seu trabalho”.

Alguns manifestantes relataram atos de violência, com um deles dizendo que um de seus amigos foi agredido pela polícia no local, enquanto outros dois atingidos por spray de pimenta.

Presença policial

Embora a situação na área tenha se acalmado na manhã deste domingo, houve um aumento da presença policial na área do protesto, com várias dezenas de policiais, seguranças particulares e agentes à paisana nas ruas.

Em outros lugares, em várias universidades chinesas, fotos e vídeos de estudantes protestando na noite de sábado foram divulgados nas redes sociais. A maior parte dos manifestantes parecia estar concentrada na Universidade de Comunicações de Nanjing.

Os vídeos dos protestos são difíceis de verificar de forma independente, mas muitos deles retratam críticas explícitas e abertas ao governo e seu líder.

Protestos incomuns

Os protestos são o mais recente capítulo de uma série de manifestações contra as medidas de “covid zero” da China. Essas manifestações têm sido cada vez mais ousadas, tanto em críticas ao governo quanto ao presidente Xi Jinping.

A estratégia de covid zero é a mais recente política desse tipo entre as principais economias do mundo e se deve em parte aos níveis relativamente baixos de vacinação da China e ao esforço para proteger os idosos.

Os lockdowns de última hora provocaram raiva em todo o país, e restrições mais amplas provocaram protestos violentos recentes de Zhengzhou a Guangzhou.

Apesar das medidas rígidas, o número de casos na China esta semana atingiu a máxima histórica desde o início da pandemia.

Por Redação

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