No Amazonas, interior tem menos da metade das mortes da capital por Covid-19

Com número de casos do novo coronavírus ultrapassando o da capital nesta semana, os municípios do interior do Amazonas por outro lado têm número de óbitos inversamente proporcional. As 58 localidades do interior com casos registrados acumulam 32% de óbitos e menos da metade das mortes registradas em Manaus. No Boletim de quarta-feira (20/05), quando a capital apontou 11.643 casos (49,12%) e 1.057 óbitos (68%), o interior tinha 12.061 casos (50,88%), e 504 óbitos em 46 municípios.
Os dados mostram que o comportamento do vírus no interior tende a ter um desfecho melhor que na capital, e a resposta para isso pode estar na boa cobertura de atenção básica.
No interior do Amazonas, essa cobertura é próxima de 90% da população. Já na capital, a cobertura é de 51,5%. É na atenção básica que é feito o acompanhamento e controle de diabetes, hipertensão e outras comorbidades que levam pacientes de Covid-19 ao óbito.
“Com boa cobertura de atenção básica, os municípios conseguem controlar melhor, investigar mais e notificar mais os casos e, assim, ter um melhor resultado no acompanhamento da população”, afirma o secretário de Atenção Especializada do Interior, da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Cassio Roberto Espírito Santo.
Leitos vazios – A cobertura da atenção primária também se reflete na baixa ocupação de leitos no interior. Dos 2.441 leitos totais disponíveis, 489 estavam ocupados, ou seja, 80% estavam vazios no inicio da semana, quando o interior passou à frente da capital em casos confirmados da Covid-19. Dos 82 leitos de Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) com respiradores, 41% estavam vazios.
“Isso mostra que a atenção básica vem funcionando nos municípios e vem atuando de maneira que há uma menor hospitalização”, explicou Cássio Espírito Santo.
Estratégia de guerra – O Governo se antecipou ao aumento de casos nos municípios do interior, reforçando a estrutura dos hospitais, organizando o fluxo de atendimento, enviando insumos e recursos.
As ações são planejadas entre as três esferas – estadual, municipal e federal. “Estamos desenvolvendo uma estratégia de guerra para combater o coronavírus no interior”, disse o secretário, ao ressaltar o apoio das Forças Armadas no envio de insumos por malha aérea e fluvial e reforçar que o modelo de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite e exige esforços de todas as esferas de governo.
Recursos – Os 61 municípios receberam mais de 2,6 milhões de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), 74,5 mil testes rápidos, conforme último balanço da Central de Medicamentos do Amazonas (Cema).
O número de respiradores no interior dobrou durante a pandemia, saindo de 65 para 130. Foram enviados 47 respiradores por aquisição da Susam e do Ministério da Saúde, sendo 15 para Tabatinga, oito para São Gabriel da Cachoeira, três para Itacoatiara, três para Manacapuru, dois para Rio Preto da Eva e dois para Tefé. Os municípios de Maués, Boa Vista do Ramos, Iranduba, Santo Antônio do Içá, Autazes, São Paulo de Olivença, Careiro Castanho, Manaquiri, Presidente Figueiredo, Boca do Acre, Itapiranga, Carauari e Silves receberam um cada.
O Governo do Estado acaba de adquirir 27 respiradores, e vai distribuir os equipamentos entre os municípios conforme os dados epidemiológicos e estrutura da unidade. Em abril, foram enviados 44 monitores multiparamétricos e 134 colchões hospitalares ao interior.
“Hoje, por exemplo, em Tabatinga temos 22 leitos com respiradores para Covid-19, em Parintins temos seis, Manacapuru tem cinco, Itacoatiara tem três, e assim a gente vem a ter alguns pulverizados nos municípios”, disse o secretário Cássio Espírito Santo.
O Estado liberou R$ 23,4 milhões do Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas (FTI) para ajudar as prefeituras. Todos os municípios receberam recursos federais exclusivos para o enfrentamento à Covid-19, além dos repasses normais.
Recursos humanos – A Secretaria está em processo de finalização de contratação de médicos e enfermeiros com especialização em Terapia Intensiva para atuar nos municípios-polos: Manacapuru, Itacoatiara, Eirunepé, Parintins, Lábrea, Humaitá, Tefé, Tabatinga e Boca do Acre.
Uma parceria com a organização internacional Médicos sem Fronteiras está em andamento para ajudar na missão do interior e, junto com os Distritos de Saúde Indígena (DSEIs), ligados à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, a Susam trabalha para ampliar a atenção aos povos indígenas.
Remoções – O Estado dobrou a quantidade de UTI Aérea, de três para seis, sendo que três delas – um jato, um bimotor e um avião anfíbio – são exclusivas para remoção de pacientes com Covid-19.
Também foi realizado um contrato de transporte sanitário terrestre para realizar as remoções entre portos, aeroportos e municípios do entorno de Manaus.
“Nós temos, tanto na UTI aérea como nas ambulâncias, uma equipe qualificada com médico intensivista, enfermeiro intensivista, equipamentos e insumos para fazer o transporte adequado dos pacientes”, informou o secretário.
FOTOS: Arthur Castro/Secom

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