“Não tenho certeza se estou são”, diz presidente da Ucrânia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky revelou, em entrevista, detalhes sobre a sua vida em família em meio a quase cinco meses de guerra com a Rússia, e atacou a Otan, afirmando que seu país merecia ter tido a candidatura à aliança levada mais a sério. As declarações foram dadas à jornalista Raquel Krähenbühl, e exibidas na noite deste domingo no programa Fantástico. Essa foi a primeira entrevista do presidente a um veículo da América Latina desde o começo do conflito.

Logo na abertura da conversa, Zelensky foi sincero ao falar sobre como estava sendo seu dia — ele dispensou a tradução simultânea e respondeu em inglês.

“Estamos em uma guerra e temos de ser fortes: para mim, os últimos 5 meses têm sido assim, como um dia só”, declarou o presidente. “Não tenho certeza se estou são. Verdadeiramente são”.

Zelensky permaneceu na capital ucraniana desde o início do conflito, no dia 24 de fevereiro, embora reconheça ser necessário mudar de local de trabalho com alguma frequência. Logo nos primeiros dias da guerra, quando a Rússia atacou ferozmente a capital ucraniana, chegou a gravar vídeos nos arredores do palácio presidencial, em uma espécie de desafio às forças invasoras.

Com a mudança de estratégia russa, em meados de março, a capital passou a ser alvo de ataques esporádicos, e apesar da situação ainda ser tensa, muitos de seus moradores voltaram para suas casas (ou o que restou delas), e líderes estrangeiros visitaram a cidade em demonstrações de apoio.

Além dele, sua família permanece no país, embora não esteja mais no palácio presidencial — assim como o presidente, eles são obrigados a mudar de residência com alguma frequência.

“Minha família está como todas na Ucrânia. Eles estão próximos e há alguns momentos doces com meus filhos. Eles são fortes, muito fortes. Eles vivem na Ucrânia, amam a Ucrânia e, é claro que sentem medo, como todas as crianças. Mas eu acho que eles sabem que o que estamos fazendo é muito importante para mim”, afirmou.

Na semana passada, a primeira-dama, Olena Zelenska, visitou os EUA, onde se reuniu com o presidente americano Joe Biden e discursou no Congresso. Para Zelensky, foi uma viagem importante para garantir que o país siga sendo ouvido no exterior.

“As pessoas estão cansadas, e isso é compreensível, cada país tem suas questões, eu entendo. Mas é essencial saber que existe um país chamado Ucrânia que está brigando pela sua liberdade e seus princípios”, declarou.

Zelensky não escondeu uma certa decepção com a Otan, a principal aliança militar do Ocidente. Para ele, a organização liderada pelos EUA deveria ter feito mais por seu país, e levado mais a sério os planos para sua adesão.

Na semana passada, em um outro trecho da entrevista, exibido pelo Jornal Nacional, Zelensky criticou a postura de neutralidade do governo brasileiro, e afirmou que Jair Bolsonaro age como os líderes ocidentais que ficaram em cima do muro no início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e acabaram, na opinião dele, por facilitar o avanço dos nazistas sobre o continente.

“Eu não apoio a posição de neutralidade dele”, afirmou, em referência a Bolsonaro. “Não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo”.

 

Por Redação

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