Morre ex-presidente do Peru condenado na Itália à prisão perpétua

O ex-presidente peruano Francisco Morales Bermúdez, condenado à prisão perpétua pela morte e desaparecimento de dois italianos entre as décadas de 1970 e 1980, faleceu nesta sexta-feira (15), aos 100 anos, devido à complicações de saúde.

A informação foi divulgada pelo filho do ditador, o ex-ministro Remigio Morales Bermúdez, à rádio RPP, que especificou que seu pai “estava em um estado de saúde delicado”.

Bermúdez foi presidente do Peru de 29 de agosto de 1975 a 28 de julho de 1980 após o chamado “Tacnazo”, um golpe militar lançado por ele contra o governo do então presidente Juan Velasco Alvarado, que, por sua vez, havia tomado o poder em outro golpe sete anos antes.

Na Itália, o ex-ditador foi condenado à prisão perpétua acusado do desaparecimento de dois italianos perpetrados por meio da Operação Condor.

A sentença foi confirmada em fevereiro passado pela Corte de Cassação da Itália, último instância judicial do país, que rejeitou o recurso apresentado após as condenações de primeira e segunda instância.

Operação Condor

A Operação Condor foi uma aliança entre as ditaduras militares que governavam os principais países da América do Sul para colaborar no combate aos seus opositores. Essa aliança contou com o apoio dos Estados Unidos, que permitiu a troca de informações entre os integrantes da operação para perseguir as pessoas que eram contrárias às ações desses governos ou teriam alguma ligação com o comunismo. Durante os anos 1970, a CIA, agência norte-americana de inteligência, coordenou as ações desses governos no combate aos seus adversários.

“Ao longo dos anos 1960, Estados Unidos e União Soviética intensificaram suas ações no sentido de ampliar suas influências ao redor do mundo. A Guerra Fria, o embate ideológico entre as duas maiores potências mundiais, intensificou-se nessa década, principalmente na América Latina. Norte-americanos e soviéticos decidiram atuar ativamente na obtenção de apoio dos países latino-americanos.

Em 1959, logo após a Revolução Cubana, Fidel Castro assumiu o poder e, poucos anos depois, aderiu ao lado soviético da Guerra Fria. A proximidade de Cuba com os Estados Unidos e a influência da revolução no continente fizeram com que os Estados Unidos voltassem suas atenções para os países vizinhos.

O presidente John Kennedy assumiu a Casa Branca em 1961 e deu início à Aliança para o Progresso, um programa de ajuda financeira aos países latino-americanos para que suas economias se desenvolvessem e diminuíssem a pobreza que tanto assolava as suas populações. Apesar disso, os Estados Unidos não conseguiram reverter em apoio a eles a ajuda ofertada, e o discurso anticapitalista só aumentava, com os governantes alinhados com a ideologia marxista ou seus integrantes próximos dos soviéticos chegando ao poder.

Entre os anos de 1960 e 1970, foram inúmeros os países que sofreram interferências militares na política depondo presidentes eleitos e que teriam algum vínculo com Moscou. Os novos governos militares que se formaram no Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile implantaram medidas autoritárias contra seus opositores desde a prisão até a morte, passando pela tortura nos porões dos quartéis.

Por Redação

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