Mistérios do edifício do tríplex de Lula
As mortes que rondam o edifício do tríplex de Lula
O ”HERDEIRO’‘ O ex-segurança Freud Godoy estava com Lula no dia do acidente de Luiz Malheiro (Crédito: Joel Silva)
Coube ao seu irmão, Helio Malheiro, em depoimento ao promotor José Carlos Blat, do Ministério Público Estadual de São Paulo, em 2008, levantar a suspeita de queima de arquivo. Segundo ele, os corpos vieram para São Paulo de avião acondicionados em urnas lacradas sem passar pela perícia do IML. Além disso, a circunstância do acidente envolvendo um caminhão e o Corsa, onde estava seu irmão e os dois dirigentes da Bancoop, lhe pareceu inusitada. Uma testemunha ligada ao PT teria afirmado aos investigadores do caso que o motorista e os dois passageiros, entre os quais Luiz Eduardo, que estava no banco traseiro, haviam dormido simultaneamente no trânsito, o que provocou a perda do controle do veículo e o choque frontal com o caminhão. Mas a família sequer teve acesso às investigações. “Meu irmão era uma pessoa muito desconfiada quando não estava ao volante de um veículo e não dormia em hipótese alguma”, afirmou Hélio Malheiro.
Escritura obtida por ISTOÉ (abaixo) comprova registro de imóvel em nome de Freud Godoy e de sua mulher
O que torna a história ainda mais nebulosa é que o beneficiário direto da morte de Malheiro foi Freud Godoy, ex-segurança de Lula. Godoy herdou o apartamento do dirigente no Edifício Solaris, o 133-A, dois pavimentos abaixo do tríplex de Lula. Há evidências de fraude. “Durante a investigação do caso tríplex, em março de 2016, na Operação Aletheia, a Polícia Federal recolheu documentos na Bancoop e na OAS e entre eles estavam os documentos de que o apartamento do Malheiro acabou passando para as mãos de Freud Godoy após a morte do ex-presidente da entidade. É tudo muito suspeito”, disse o promotor José Carlos Blat à ISTOÉ.
Vizinho de Lula
O apartamento 133-A de Freud Godoy fica dois pavimentos abaixo do tríplex de Lula, o 164-A. O imóvel levou Lula a ser condenado a 12 anos de prisão. Já Freud é apenas investigado
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As provas
A escritura da unidade 133-A do Solaris está registrada no Cartório de Registro de Imóveis do Guarujá em nome de Freud Godoy e de sua esposa Simone Messeguer Pereira Godoy, casados em comunhão de bens. O valor venal do imóvel foi declarado por R$ 396.524,45. Inicialmente, Malheiro ficaria com o apartamento 143, vizinho do 141 em nome originalmente de dona Marisa Letícia Lula da Silva. Depois que a OAS assumiu as obras do Solaris, em 2009, a família Lula da Silva foi brindada com o tríplex 164-A, e o que seria de Malheiros passou a ser o 133. O 141 acabou vendido pela OAS. O 133 ficou com Freud Godoy.
De acordo com depoimento de Hélio Malheiro ao Ministério Público, ao qual ISTOÉ teve acesso, o então diretor financeiro da Bancoop, João Vaccari Neto, fez de tudo para que a família não soubesse das minúcias do acidente. Detalhe: Vaccari foi quem assumiu a presidência da cooperativa no lugar de Luiz Eduardo Malheiro. Segundo fontes da Bancoop, Vaccari teria até comemorado o acidente com um brinde de champanhe na sede do Sindicato dos Bancários. O ex-tesoureiro petista, preso na Lava Jato, estaria de olho nos R$ 43 milhões depositados na conta da entidade dias antes do acidente. O recurso havia sido arrecadado por Ricardo Berzoini, então ministro da Previdência de Lula, junto a fundos de pensão. A conta da cooperativa também era alimentada por contribuições de mais de cinco mil associados. O Ministério Público de São Paulo já tem provas de que ao menos R$ 100 milhões foram desviados da Bancoop para campanhas petistas.
“Circunstâncias estranhas”
Em depoimento ao MP de São Paulo, Hélio Malheiro disse que a morte de seu irmão, num misterioso acidente automobilístico em Pernambuco, o deixou “bastante desconfiado”
Freud Godoy e outros 12 petistas já eram alvo de investigação por serem beneficiários de imóveis da Bancoop cujas obras foram concluídas pela OAS como contrapartida a negócios obtidos pela empreiteira na Petrobras. Em 24 de outubro de 2017, o juiz Sergio Moro determinou que as apurações contra eles tivessem prosseguimento na Justiça Estadual de São Paulo, mas o caso ainda anda a passos de cágado. Agora, o ex-segurança de Lula que, além do apartamento, ganhou R$ 1,5 milhão da Bancoop por ter feito a segurança armada de obras da cooperativa, corre o risco de responder por outra suspeita ainda mais grave.
QUEIMA DE ARQUIVO
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Bancoop; e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT (Crédito:Divulgação)
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lavou dinheiro da Petrobras para o PT e dois meses depois foi assassinado com nove tiros (Crédito:Divulgação)
Por determinação do juiz Sergio Moro, o MPF e a PF investigam o brutal assassinato do ex-vice-prefeito de Ourolândia (BA), José Roberto Soares Vieira, o Roberto do PT, desde do último dia 26. Ele foi morto com nove tiros a queima-roupa no dia 17 de janeiro quando chegava à Green Transportes, uma concessionária de veículos da qual era sócio, às margens da BA-522, em Candeias, região metropolitana de Salvador (BA). O pistoleiro chegou numa moto vermelha, com capacete, por volta das 11h à revenda e ficou esperando Roberto chegar, disparando toda a munição de sua arma no petista por volta das 11h30. Roberto foi à revenda para blindar a sua Land Rover Discovery 4, porque desconfiava que poderia sofrer um atentado. Em novembro, ele denunciou à Moro seu sócio na empresa JRA Transportes, José Antonio de Jesus, ex-gerente da Transpetro (subsidiária da Petrobras) na Bahia. Os dois foram denunciados por terem desviado R$ 7,5 milhões da Petrobras no período de 30 de setembro de 2009 a 13 de setembro de 2015. Pego, Roberto delatou José Antonio, dizendo que o sócio usava a JRA para lavar dinheiro e fazer repasses ao PT da Bahia (na época, o Estado era governado por Jaques Wagner, do PT, e atualmente o governador Rui Costa também é petista). Desde que delatou o sócio, Roberto do PT temia ser morto e chegou a vender uma casa de luxo que tinha em Camaçari, contratou motorista como segurança e não atendia mais ligações de números desconhecidos. A cautela não foi suficiente. Moro quer saber agora se o crime tem ligações com a delação que ele faz do sócio.
Fonte: istoe.com
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