'Maus Caminhos' Moustafá usava escolta da PM, diz ex-sócia

Policiais recebiam, pelo menos, R$ 700 por semana. ‘Segurança’ era usada até em shows fora do Amazonas.

 o médico e empresário Mouhamad Moustafá, investigado por esquema de corrução que desviava dinheiro da Saúde pública do Estado, recebia segurança de policias militares. A afirmação veio da ex-sócia dele, Jennifer Nayara da Silva, que teve delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ela afirmou, ainda, que os policiais trabalhavam em regime de plantão para atender às exigências do empresário.

Mouhamad foi preso em 2016 durante a operação Maus Caminhos, que resultou ainda na prisão de ex-secretários de Estado, do ex-governador José Melo e da ex-primeira-dama, Edilene Oliveira. O médico e empresário atualmente responde ao processo em liberdade com o uso de tornozeleira eletrônica.

Durante a delação, a ex-sócia disse que o chefe da segurança do médico era o ex-subcomandante da PM do Amazonas, o coronel Aroldo Ribeiro, preso no último dia 13 de dezembro junto com os ex-secretários de Estado.

O coronel, segundo Jennifer, recebia o dinheiro da empresária e advogada Priscila Marcolino, ligada a Mouhamad Moustafá. Ele ficava encarregado de distribuir a quantia entre os policiais da segurança. Os PMs trabalhavam em regime de plantão e recebiam R$ 700 por semana. A delatora não soube informar quanto recebia o coronel.

Um vídeo de 2016, na cidade de Goiânia, mostra que o médico e empresário recebia escolta até quando viajava. No vídeo, Mouhamad vai para um show sertanejo em um carro de luxo e segue em contramão, e ainda assim, chega a reclamar.

“Coronel, não tem como o Porto mandar esse pessoal ai da polícia ir mais arrochado aí não? Pra ir mais rápido aí, pra gente chegar logo lá. É que eles estão muito lentinho. Parecendo comboio de velório, pô! (sic)”, diz.

A Polícia Militar do Estado de Goiás informou que não faz escolta particular e que nenhuma autorização foi dada pelo comando da corporação nesse sentido. A PM do estado destaca que vai ser instaurado um procedimento administrativo para apurar o fato.

A delação de Jennifer Nayara foi gravada no dia 7 de outubro de 2016. Em outro vídeo, do dia 13 de outubro, ela afirma que recebeu uma visita de dois homens armados, que seriam policiais, na cela onde estava. Eles teriam uma mensagem de Moustafa.

A enfermeira afirma, ainda, que recebeu pelo menos cinco visitas dos policiais, que sempre perguntavam se ela gostaria de mandar alguma mensagem para o médico e empresário. Atualmente, ela responde em liberdade ao processo ligado à operação Maus Caminhos.

Sobre a operação

O grupo é suspeito de participar de um esquema de desvio de verbas na Saúde do Estado. A Maus Caminhos apontou o envolvimento deles em 2016. Ex-secretários e o ex-governador José Melo estão entre os presos ao longo das três fases da operação.

Os investigados possuíam contratos firmados com o Governo do Estado para a gestão de unidades de saúde, que era feita por meio do Instituto Novos Caminhos (INC), instituição qualificada como organização social.

As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões repassados entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC.

A participação do ex-governador, da esposa, Edilene Oliveira, e de ex-secretários no desvio de verbas da saúde foi identificada por meio de conversas telefônicas interceptadas entre o irmão de José Melo, Evandro Melo, e Mouhamad Moustafa.

Presos nas três fases da Maus Caminhos

 

  • José Melo, ex-governador do Amazonas – prisão preventiva;
  • Evandro Melo, irmão dele e ex-secretário de Administração e Gestão – prisão preventiva;
  • Wilson Alecrim, ex-secretário de Saúde – prisão preventiva;
  • Afonso Lobo de Moraes, ex-secretário de Fazenda – prisão preventiva;
  • Pedro Elias, ex-secretário de Saúde – prisão preventiva;
  • Edilene Gomes Oliveira, ex-primeira-dama – prisão preventiva


Fonte: g1
 

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