Manifestações de agricultores se espalham pela Europa; grupo entra em confronto com a polícia após bloquear ruas com mil tratores na Bélgica
Os protestos de agricultores estão se espalhando dia após dia na Europa. Um grupo jogou ovos e pedras no Parlamento Europeu em Bruxelas, na Bélgica, nesta quinta-feira (1º). Eles colocaram fogo perto do prédio e soltaram fogos de artifício ao exigirem que os líderes da União Europeia (UE) façam mais para ajudá-los com impostos e custos crescentes.
As queixas dos agricultores em toda o continente incluem o fato de serem sufocados por regras ambientais, impostos, custos crescentes e concorrência desleal do exterior.
“Está acontecendo em toda a Europa, então vocês devem ter esperança”, disse Kevin Bertens, um agricultor dos arredores de Bruxelas, nos protestos na capital belga. “Vocês precisam de nós. Ajudem-nos!”
Com a raiva crescente contra as regulamentações verdes e as importações baratas compartilhada entre os agricultores da Europa, manifestantes da Itália, Espanha e outros países participaram do ato na capital belga, que coincidiu com uma cúpula da UE nas proximidades, além de realizarem protestos em seus países. A crescente agitação, também observada em Portugal, Grécia e Alemanha, expõe as tensões sobre o esforço do bloco político para combater as mudanças climáticas.
“Queremos acabar com essas leis malucas que chegam todos os dias da Comissão Europeia”, disse em Bruxelas José Maria Castilla, um agricultor que representa o sindicato espanhol de agricultores Asaja.
Os protestos ocorrem em um momento em que a extrema-direita, para a qual os agricultores representam um eleitorado crescente, é vista obtendo ganhos nas eleições de junho para o Parlamento Europeu. Os líderes estão tentando acalmar a agitação.
“Em toda a Europa, surge a mesma pergunta: como podemos continuar a produzir mais e melhor? Como podemos continuar a enfrentar as mudanças climáticas? Como podemos evitar a concorrência desleal de países estrangeiros?”, disse o primeiro-ministro francês Gabriel Attal, ao anunciar novas medidas em Paris.
Attal prometeu facilitar a vida dos agricultores e protegê-los melhor em nível nacional e continental, inclusive proibindo importações baratas de produtos que usam um pesticida proibido na Europa e garantindo que os rótulos dos alimentos indiquem claramente se o produto é importado. Mais ajuda para os agricultores também está a caminho, segundo ele.
Os agricultores já garantiram várias medidas, incluindo as propostas da Comissão Executiva do bloco para limitar as importações de produtos agrícolas da Ucrânia e afrouxar algumas regulamentações ambientais sobre terras em pousio, as quais vários líderes da UE saudaram ao chegarem à cúpula.
Mas eles afirmam que isso não é suficiente e que estão sufocados por impostos e regras verdes e enfrentam a concorrência desleal do exterior.
“As eleições europeias estão chegando e os políticos estão muito nervosos, assim como a Comissão Europeia. Acho que este é o melhor momento para que, juntos, todos os agricultores europeus saiam às ruas”, acrescentou o agricultor espanhol Castilla.
Enquanto isso, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, repetiu a oposição do presidente francês, Emmanuel Macron, à assinatura de um acordo comercial com o Mercosul em sua forma atual, outra demanda importante para os agricultores.
Franceses pedem fim dos bloqueios
Dois dos principais sindicatos agrícolas de França pediram nesta quinta que os manifestantes que realizaram centenas de bloqueios de tratores em todo o país voltassem para casa. O pedido ocorre após o governo ter anunciado medidas para tentar reprimir a raiva num movimento que se espalhou por toda o continente. Os agricultores franceses intensificaram os protestos desde segunda (29), após mais de duas semanas de manifestações.
Temendo novas escaladas, o governo prometeu oferecer-lhes mais proteção, através de um melhor controle das importações e da concessão de ajuda extra aos agricultores. Em resposta às promessas, Arnaud Rousseau, do principal sindicato de agricultores de França, FNSEA, disse que era “hora de voltar para casa” e encerrar os bloqueios. Os sindicatos alertaram que outros tipos de protestos continuariam e que voltariam às ruas se o governo não cumprisse as promessas.
Por Redação