Justiça do Uruguai impõe restrições a professor que disse que negros brasileiros de origem africana são preguiçosos

A Justiça do Uruguai impôs restrições a um professor por falas racistas, xenofóbicas e discriminatórias contra negros brasileiros em sala de aula. A decisão foi divulgada na quarta-feira (24), segundo a imprensa local. A denúncia foi feita por alunos do terceiro ano do Polo Educacional Tecnológico da cidade de Rivera.

“Na minha família não contratamos negros porque não são trabalhadores, muito menos os negros brasileiros de origem africana, esses são ainda mais preguiçosos. Os brasileiros que são ‘mistura’ com estrangeiros, esses, sim, são trabalhadores. O trabalhador rural deve ser explorado como o pobre, se ele não gostar, é preciso deixá-los morrer de fome”, disse o professor, de acordo com o jornal “El Observador”.

A denúncia foi feita originalmente em maio 2023, de acordo com uma reportagem do portal “Subrayado”. Os alunos apresentaram a denúncia ao Polo Educacional de Rivera e à autoridade de educação do país, segundo o “El Observador”.

O denunciado é Martín Guadalupe, filho do deputado Eduardo Guadalupe, do Partido Nacional (o mesmo do presidente Luis Lacalle Pou).

De acordo com o “El Observador”, a juíza do caso, Ivana Cantera, determinou provisoriamente que Martín Guadalupe mantenha distância de 300 metros dos alunos denunciantes e está proibido de se comunicar com eles por 120 dias. Ele foi acusado do crime de “incitação ao ódio, desprezo ou violência contra certas pessoas”.

Humilhados

Os alunos disseram ter se sentido “humilhados” pelas falas do professor. “Nós como estudantes nos sentimos humilhados já que somos na maioria negros e pobres, também nossos companheiros brasileiros se sentem discriminados por tais palavras ditas pelo senhor Martín Guadalupe”, diz um trecho. Embora isso não esteja explícito, o texto dá a entender que havia alunos brasileiros na sala de aula.

Segundo uma reportagem publicada pelo jornal “La Diaria”, a defesa do professor argumentou que o conteúdo mais importante da fala em aula não era sobre cor da pele. O deputado Eduardo Guadalupe, pai do acusado, disse que o filho está sendo perseguido.

Outro caso 

Em dezembro do ano passado, a Confederação Brasileira de Rugby tomou conhecimento de caso de injúria racial que teria ocorrido no início deste mês em torneio organizado no Uruguai. O caso relatado aponta que integrantes do clube brasileiro União de Rugby Tauras e Carancho (URTC), do Rio Grande do Sul, sofreram ofensas de cunho racista. O caso ocorreu fora da jurisdição da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) e o torneio era de organização independente, sem vínculos com a União de Rugby do Uruguai (URU).

A Confederação Brasileira de Rugby entrou em contato com o URTC, solidarizando-se com o clube e deixando-se à disposição para auxiliar o clube sobre o ocorrido.

A Confederação Brasileira de Rugby manifestou repúdio a quaisquer casos de racismo e reforçou sua posição de zelar pelos valores de nosso esporte: disciplina, respeito, integridade, paixão e solidariedade.

Por Redação

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