Japão entra em recessão e perde posto de 3ª maior economia do mundo

O Japão entrou em recessão técnica após recuar novamente de forma inesperada no último trimestre do ano passado, conforme mostraram dados do Banco do Japão (BOJ, o Banco Central de lá) divulgados nessa quinta-feira (15). A alta inflação restringiu a demanda doméstica naquela. O resultado do PIB dificulta a situação do Banco do Japão para acompanhar a política fiscal do primeiro-ministro Fumio Kishida.

Com o resultado, o Japão foi superado pela Alemanha no ranking das economias mundiais e agora é o quarto colocado, segundo o FMI.

O PIB teve contração de 0,4% no quarto trimestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior após uma queda de 3,3% no terceiro trimestre do ano passado. O resultado veio bem abaixo da estimativa de economistas de crescimento de 1,4%.

A economia japonesa também recuou 0,1% no quarto trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior após encolher 0,8% no terceiro trimestre comparando com resultado entre os meses de abril e junho. Isso também foi mais fraco do que as expectativas de expansão de 0,3%.

Consumo fraco

O consumo recuou 0,2% no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior; a estimativa era de uma expansão de 0,1%.

Embora a inflação tenha diminuído gradualmente, a chamada “inflação central” – que exclui preços de alimentos e energia – ultrapassou a meta de 2% do Banco do Japão por 15 meses consecutivos. Mesmo assim, o BC japonês segue com o último regime de taxas de juros negativas do mundo (-0,1%).

O PIB mais fraco do que o esperado deve lançar dúvidas sobre a preferência do BC do Japão para que a inflação seja impulsionada pela demanda doméstica, o que é mais sustentável e estável. O banco acredita que os aumentos salariais se traduziriam em uma espiral mais significativa, incentivando os consumidores a gastar.

Muitos no mercado esperam que o BOJ se afaste de seu regime de taxas negativas em sua próxima reunião em abril, já que as negociações salariais anuais podem confirmar uma tendência de aumentos significativos.

No entanto, a impressão de crescimento mais fraco do que o esperado sugere que a inflação está prejudicando o consumo doméstico, apesar da perspectiva de salários mais altos – e talvez fortalecendo uma política monetária frouxa por mais tempo.

Nova contração

Alguns analistas estão alertando para outra contração no trimestre atual, já que a demanda fraca na China, o consumo lento e a interrupção da produção em uma unidade da Toyota Motor Corp apontam para um caminho desafiador para a recuperação econômica.

“O que é particularmente notável é a lentidão no consumo e nos gastos de capital, que são os principais pilares da demanda doméstica”, disse Yoshiki Shinke, economista executivo sênior do Dai-ichi Life Research Institute.

“A economia continuará sem impulso por enquanto, sem os principais impulsionadores do crescimento.”

Por Redação

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