Giorgia Meloni: quem é a líder da direita radical que pode ser a primeira mulher premiê da Itália

Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o próximo líder da Itália deve vir da extrema-direita. A favorita para se tornar a próxima primeira-ministra italiana é a deputada Giorgia Meloni, de 45 anos, uma das principais vozes da extrema-direita aliada ao movimento pós-fascista no país.

A coalizão liderada por seu partido – Irmãos da Itália (Fratelli d’Italia) – venceu as eleições gerais italianas no domingo (25). No país, os eleitores votam em um partido, e a sigla que conquistar maioria no Parlamento é quem escolhe o primeiro-ministro – tradicionalmente, o presidente do partido vencedor. O novo Parlamento se reunirá em 13 de outubro, quando deve indicar o nome de Meloni.

Nascida e criada em Roma, Meloni é conhecida por sua retórica virulenta, seu timbre estrondoso e seus discursos ferozes atacando lobbies favoráveis a gays, à integração europeia e a imigrantes.

Meloni — que também fará história como a primeira mulher a liderar a Itália – se equilibra sobre um fio delicado.

Por um lado, precisa persuadir a sua base de extrema direita de “patriotas” de que não mudou. Enquanto isso, tenta convencer os céticos internacionais de que não é extremista e de que o passado é passado, e, se os eleitores mais moderados da Itália confiam nela, então atores internacionais também deveriam.

Fascismo

A líder do partido herdeiro do Movimento 5 Stelle, MSI, (Movimento Cinco Estrelas), uma formação neofascista fundada depois da Segunda Guerra Mundial pelos simpatizantes de Mussolini, esclareceu em agosto sua controvertida relação com o fascismo, uma vez que concorda com suas políticas, mas defende a democracia.

“A direita italiana relegou o fascismo à um capítulo antigo da história, condenando sem ambiguidades a privação da democracia e as infames leis que perseguiam judeus”, disse Meloni em um vídeo divulgado em agosto em diferentes idiomas aos meios de comunicação estrangeiros.

Vários veículos, no entanto, voltaram a transmitir um vídeo no qual a política, aos 19 anos, declara sua admiração por Mussolini: “Para mim foi um bom político. Todo o que fez, fez pela Itália”, justificou.

Conservadorismo

Conforme analistas, será mais difícil ver a Itália ao lado de seus tradicionais aliados europeus. Meloni se opõe à imigração e já ameaçou o bloqueio naval de países do Norte da África para impedir a chegada de barcos de refugiados. Tem uma agenda clara de incompatibilidade com a comunidade LGBTQIA+.

Durante a campanha, Meloni negou repetidamente sugestões de que poderia reverter a legislação sobre aborto ou direitos gays, enquanto reafirmava sua oposição a adoções e barriga de aluguel para casais LGBT.

Um de seus assessores, Federico Mollicone, porta-voz da cultura dos Irmãos da Itália (FdI), deu uma declaração controversa na última semana.

Mollicone disse que a paternidade do mesmo sexo não é normal. Falando em uma entrevista de televisão com a Rtv de San Marino na quinta-feira, Mollicone reviveu as críticas que havia feito anteriormente a um episódio do popular desenho infantil “Peppa Pig”, que apresentava um urso polar com duas mães.

“É uma questão muito séria”, disse Mollicone. “Enquanto o Estado italiano não legislar sobre esses casais, apresentá-los como algo absolutamente normal é errado, porque não é.”

Política anti-imigração

Segundo a agência de notícias AFP, com seus aliados, ela promete o bloqueio de imigrantes que cruzam o mar Mediterrâneo.

Recentemente, Meloni compartilhou em suas redes sociais um vídeo de uma mulher sendo estuprada na rua por um requerente de asilo da Guiné.

“Não podemos ficar em silêncio diante deste atroz episódio de violência sexual contra uma ucraniana, perpetrado em pleno dia em Piacenza (Itália), por um solicitante de asilo. Um abraço a esta mulher. Farei todo o possível para devolver a segurança às nossas cidades”, escreveu Meloni no Twitter.

Após ser duramente criticada, ela excluiu a publicação.

Por Redação

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