França entra na reta final das eleições parlamentares com Macron sem força
Milhões de franceses vão às urnas neste domingo (30) para o primeiro turno das eleições legislativas, antecipadas pelo presidente Emmanuel Macron após a extrema direita conquistar o maior número de assentos no Parlamento Europeu da História do país. Se nenhum candidato vencer neste domingo com mais de 50% dos votos em seu distrito, disputam o segundo turno, em 7 de julho, aqueles com ao menos 12,5%. Com os extremos liderando as pesquisas, analistas avaliam que a estratégia kamikaze do líder centrista pode jogar a França em três anos de paralisia.
O compilado de pesquisas da Bloomberg aponta o Reagrupamento Nacional (RN), da ultradireitista Marine Le Pen, na liderança com 35% das intenções de voto, seguido pela coalizão esquerdista Nova Frente Popular (NFP), que inclui a sigla de esquerda radical do veterano Jean-Luc Mélenchon, com 28%. A legenda de Macron surge em terceiro, com 20% – sinal do desgaste do presidente, cuja aprovação alcançou 27% este mês, o pior desde os protestos dos Coletes Amarelos, em 2018.
Mudança de imagem
Embora nas últimas eleições Macron tenha conseguido se projetar como o único nome capaz de barrar a extrema direita, dessa vez “chega com ar de derrota”, avalia o professor de Relações Internacionais Tanguy Baghdadi, cofundador do podcast Petit Journal. Entre os vários motivos disso, Baghdadi diz que talvez o principal seja a mais recente transformação do RN, personificada na figura de Jordan Bardella, eurodeputado de 28 anos que assumiu a liderança do partido em 2022 e é cotado a futuro premier.
“Ele tem falas sedutoras, é um cara bonito e é muito útil a Marine Le Pen”, diz Baghdadi, destacando o seu sucesso em redes sociais como o TikTok, onde acumula 1,7 milhão de seguidores – Ela já foi candidata três vezes, e a França é uma sociedade machista. Sendo um homem jovem, a chance de sucesso é maior.
Se as projeções se confirmarem, a bancada do RN pode saltar das atuais 88 para até 245 cadeiras no Parlamento – abaixo da maioria absoluta de 289, mas suficiente para articular a eleição do primeiro premier de extrema direita da França. O cenário levaria a um governo de coabitação, quando o presidente (responsável pela política externa) é de um partido e o primeiro-ministro (incumbido das questões internas) é de outro, algo que só foi visto três vezes na atual República. Bardella, no entanto, declarou que não assumiria o cargo sem maioria absoluta.
Por Redação