Filho do presidente dos Estados Unidos é condenado por mentir sobre uso de drogas ao comprar arma

Um júri popular de Delaware condenou nesta terça-feira (11) Hunter Biden, filho do presidente dos EUA, Joe Biden, em todas as três acusações federais pelo porte de uma arma de fogo quando era usuário de drogas, concluindo que ele violou leis federais em apenas três horas de deliberação. Esta é a primeira vez na História dos Estados Unidos que o filho de um presidente em exercício é julgado e condenado criminalmente.

A sentença ainda será definida pela juíza à frente do caso, Maryellen Noreika. Logo após o veredicto, ela afirmou que irá divulgá-la dentro de 120 dias, isto é, até meados de outubro. Com isso, Hunter poderia ser preso semanas antes da eleição presidencial em que seu pai busca a reeleição. A pena máxima pode alcançar 25 anos de cárcere e US$ 750 mil (R$ 4 milhões) em multas. No entanto, como ele é réu primário e o crime é de menor potencial ofensivo, é improvável que chegue a tanto.

A defesa de Hunter ainda pode recorrer do veredicto desta terça-feira. Em comunicado, sua advogada afirmou que continuaria “correndo atrás de todos os recursos legais disponíveis” para ele.

Por se tratar de um crime na esfera federal, Biden poderia perdoá-lo ou comutar a sua sentença, poupando-a de cumpri-la. Porém, em um raro comentário sobre o caso na semana passada, o democrata afirmou que não anistiaria o filho e voltou a repetir isso em sua primeira declaração após o veredicto: “Aceitarei o resultado deste caso e continuarei a respeitar o processo judicial enquanto Hunter considera uma apelação.”

Biden também lembrou nesta terça-feira que, além de presidente, também é pai. “Como eu disse na semana passada, sou o presidente, mas também sou pai. Jill e eu amamos nosso filho e estamos muito orgulhosos do homem que ele é hoje”, afirmou. “Muitas famílias que tiveram entes queridos lutando contra o vício entendem o sentimento de orgulho de ver alguém que você ama sair do outro lado e ser tão forte e resiliente na recuperação.”

Hunter também comentou a condenação, afirmando estar “desapontado com o resultado”, mas “grato pelo amor e apoio”. “A recuperação é possível pela graça de Deus, e sou abençoado por experimentar essa dádiva um dia de cada vez”, disse em comunicado.

Entenda o caso

Hunter Biden, 54 anos, era alvo de três acusações federais pela suposta compra e posse ilegal de uma arma quando era viciado em drogas. Duas das acusações se centraram no preenchimento de um formulário no momento da compra. A promotoria acusou Hunter de mentir nos documentos ao marcar “não” para a pergunta “você é um usuário ilegal ou viciado em drogas?” Já a terceira é referente à posse da arma, que ficou com o filho de presidente durante 11 dias em outubro de 2018, antes de ser descartada pela sua então namorada, que alegou em testemunho que estava preocupada com estado psicológico de Hunter.

Apesar de ter falado abertamente sobre a sua luta contra o crack e o álcool – incluindo em um livro de memórias publicado em 2021, que foi usado como prova pelos promotores – Hunter alegou inocência perante a corte. Ele se defendeu dizendo que, na época em que estava com a arma, não estava consumindo crack ou outras drogas. No ano passado, ele afirmou estar sóbrio desde maio de 2019.

Durante a argumentação final na segunda-feira, os promotores afirmaram que Hunter “sabia que usava crack e era viciado” quando respondeu ao formulário, não sendo necessárias evidências de que ele teria consumido em um dia específico — um dos elementos mais difíceis de provar no processo. Para sustentar sua tese, a acusação mostrou trocas de mensagens do filho do presidente com traficantes quando estava em posse da arma e destacou depoimentos de ex-parceiras que confirmaram a sua luta contra o vício ao longo dos anos.

“Talvez se nunca tivesse ido para a reabilitação, ele poderia argumentar que não sabia que era um viciado”, argumentou o promotor Leo Wise.

A defesa de Hunter destacou que não havia provas de que ele tinha consciência de que estava violando a lei, uma vez que a pergunta no formulário era feita no tempo presente, portanto, ele teria respondido como se sentia em relação ao vício na época. O advogado Abbe Lowell também apontou o testemunho do vendedor de armas de que o filho do presidente não parecia alterado no momento da compra, e argumentou que nenhum depoimento citava que ele havia feito “uso real de drogas” no mês em que esteve com o objeto.

Segundo julgamento à vista

Hunter Biden ainda deve encarar a Justiça novamente em setembro – dois meses antes do pleito – para um segundo julgamento, dessa vez em Los Angeles, no qual é acusado de sonegação de impostos, evasão fiscal e fraude na declaração do Imposto de Renda. O caso pode ser ainda mais constrangedor para a família, pois envolve relações obscuras de Hunter com negócios no exterior, ameaçando expor detalhes de um estilo de vida luxuoso em que os laços sanguíneos com o presidente teriam sido usados em seu benefício.

Por Redação

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