Estados Unidos aprovam spray nasal para enxaqueca, primeiro tratamento desse tipo

A agência reguladora americana, Food and Drug Administration (FDA) aprovou o spray nasal da Pfizer para enxaqueca. A droga Zavzpret, também conhecida como zavegepant, foi aprovada para o tratamento de dores de cabeça aguda em adultos.

“A aprovação marca um avanço significativo para pessoas com enxaqueca que precisam se livrar da dor e preferem opções alternativas aos medicamentos orais”, disse Angela Hwang, diretora comercial e presidente de negócios biofarmacêuticos globais da Pfizer.

Em fevereiro, a empresa divulgou resultados promissores de testes em estágio avançado do medicamento. Segundo ela, o estudo que foi revisado por pares e publicado na revista médica Lancet Neurology, mostrou que o remédio é “eficaz no tratamento agudo da enxaqueca”.

A pesquisa avaliou a capacidade da droga de lidar com a dor e outros sintomas de enxaqueca em 1.405 pessoas que sofrem múltiplas crises de dores de cabeça por mês. Os testes foram realizados em 90 clínicas e centros médicos nos EUA, com metade dos participantes recebendo uma única dose da droga e a outra metade recebendo um placebo.

O spray nasal teve um desempenho melhor do que o placebo em vários testes, incluindo o alívio da dor 15 minutos após a administração e alívio sustentado de duas a 48 horas após o tratamento. A empresa ainda afirmou que nenhum efeito colateral grave foi identificado no estudo, sendo os mais comuns: alteração do paladar, desconforto nasal e náusea, apresentado em apenas 2% dos participantes.

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Ele ainda é contraindicado em pacientes com histórico de hipersensibilidade ao zavegepant ou a qualquer um de seus componentes. Reações de hipersensibilidade, incluindo edema facial e urticária.

De acordo com o Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame, a enxaqueca é um tipo de dor de cabeça causada pela ativação de fibras nervosas na parede dos vasos sanguíneos cerebrais que causam ataques recorrentes de dor latejante e pulsante moderada a grave. CGRP, abreviação de peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, é um mensageiro químico no cérebro que desempenha um papel na modulação da dor e inflamação. O Zavzpret funciona bloqueando os sinais do CGRP, de acordo com a Pfizer.

“Esse peptídeo dispara as crises de enxaqueca. Diferente dos tratamentos a base de anticorpos monoclonais já existentes que atuam na prevenção dessas crises e evitam as dores, esse novo medicamento, é da classe dos gepants, que tem como foco atuar na crise aguda e cortar a enxaqueca. Ele é mais eficaz e com uma atuação muito mais rápida”, explica o neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Mário Peres.

A aprovação do medicamento, que ainda não está disponível no Brasil, era aguardada com ansiedade por médicos e pacientes, pois, além de ser uma opção para o tratamento de uma doença que afeta milhares de pessoas, e a rapidez com que age no corpo, ele pode ser uma alternativa para as pessoas que sofrem com enxaqueca e tem náusea e vômitos como sintomas e não conseguem engolir comprimidos para amenizar a dor.

Uma parte das pessoas que sofrem das dores severas na cabeça tem o que os médicos chamam de gastroparesia da enxaqueca, que funciona como se o intestino adormecesse não tendo condições de absorver as pílulas de forma eficaz, o que resulta em um maior período de dor e incômodo.

“Essa é uma grande vantagem, porque mesmo aqueles pacientes que conseguem engolir a pílula durante uma crise, terão uma absorção pela via digestiva muito baixa. Ou seja, o medicamento via nasal é uma razão adicional para ter um bom prognostico e cortar a crise de enxaqueca”, afirma Peres.

Incidência de enxaqueca

Estudos mostram que nove em cada dez pessoas, crianças inclusive, têm algum tipo de cefaleia. Pelo menos 150 modalidades de dores de cabeça já foram catalogadas, de diferentes graus de sofrimento, duração e localização. Porém, a mais temida e dolorosa, por quem sofre desse mal é a enxaqueca – que acomete cerca de 15 em cada 100 indivíduos, ou seja, cerca de 30 milhões de pessoas no Brasil. E a sexta doença que mais incapacita no mundo.

Nos Estados Unidos, estima-se que 40 milhões de pessoas sofram de enxaqueca, sendo as mulheres a maioria das vítimas – 70% dos casos. Quase um quarto das pessoas que vivem com a doença relatam sintomas tão graves que procuraram atendimento de emergência.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a enxaqueca como a segunda principal causa de incapacidade no mundo. A enxaqueca é caracterizada por ataques debilitantes com duração de quatro a 72 horas com múltiplos sintomas, incluindo dores de cabeça pulsáteis de intensidade moderada a intensa.

Embora fortes dores de cabeça sejam uma característica fundamental da enxaqueca, os ataques são um fenômeno complexo que pode apresentar uma série de outros sintomas, incluindo náuseas, sensibilidade à luz e ao som e distúrbios visuais, conhecidos como auras.

Por Redação

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