Esforços para garantir saída de estrangeiros de Gaza foram frustrados pelo Hamas, dizem os Estados Unidos

Uma autoridade do governo Joe Biden afirmou na última sexta-feira a jornalistas que os esforços para retirar americanos e outros estrangeiros de Gaza estão sendo atrapalhados pela tentativa do Hamas de incluir combatentes feridos do grupo terrorista entre os escoltados para o Egito através da passagem de Rafah. Um grupo de 34 brasileiros, palestinos com residência no Brasil e parentes próximos aguarda a liberação, ainda sem sucesso. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que o chanceler de Israel lhe garantiu que eles serão autorizados a partir até a próxima quarta-feira.

Palestinos feridos e estrangeiros de várias nacionalidades tentam atravessar para o Egito desde o início da guerra, no dia 7 de outubro. Mas a passagem de Rafah permaneceu fechada até a última quarta-feira. Autoridades dos Estados Unidos afirmavam que o Hamas impedia a saída de cidadãos estrangeiros e que o grupo fazia exigências “absurdas”, mas sem detalhá-las.

Na última sexta-feira (3), uma fonte com cargo importante no governo americano forneceu mais detalhes sobre as exigências, em conversa com repórteres na condição de anonimato. Ele afirmou que o Hamas enviou repetidamente a Israel, aos Estados Unidos e ao Egito listas com cidadãos palestinos que foram feridos e deveriam ser autorizados a partir para o outro lado da fronteira. Porém, muitos deles, garantiu a fonte, eram combatentes do grupo terrorista.

A fonte norte-americana também afirmou que cerca de um terço dos palestinos na primeira lista enviada pelo governo da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, era de combatentes do Hamas. E que deixá-los sair do enclave era inaceitável para as autoridades do Egito, dos EUA e de Israel. Os atrasos continuaram durante algum tempo, disse o responsável, justamente porque o Hamas continuou a oferecer listas que incluíam combatentes.

Negociação

Fontes da Casa Branca disseram ainda que as negociações com o Hamas para a libertação de americanos e outros cidadãos estrangeiros foram sempre indiretas, realizadas com a ajuda do Catar, que mantém linhas de comunicação e financeiras com o Hamas.

A autoridade de primeiro escalão do governo americano que conversou com os repórteres na última sexta-feira disse ainda que o Hamas acabou cedendo às exigências dos EUA sobre a retirada dos combatentes. O Egito, frisa, estava especialmente preocupado com a eventual entrada de terroristas no país.

Eventualmente, informou a fonte, chegou-se a uma lista de palestinos feridos que não eram combatentes do Hamas e o processo foi iniciado na última quarta-feira. Os que partiram até agora foram todos, assegura, civis feridos.

Ele também afirmou que as negociações com Israel e o Hamas (estas, sempre indiretas, via Catar) sobre a ajuda humanitária também foram difíceis, mas espera que a partir de agora cerca de 100 caminhões entrem em Gaza diariamente, número mínimo, de acordo com a ONU, para evitar uma catástrofe ainda maior no enclave.

Retiradas

A passagem de Rafah para a retirada de estrangeiros ou palestinos com dupla cidadania, além de feridos em estado grave está aberta desde o dia 31.

O primeiro grupo, que reunia 450 cidadãos de alguns países europeus e da Austrália, além de trabalhadores de agências humanitárias, deixou Gaza nesse mesmo dia. Após também ficar de fora da primeira lista, os estadunidenses foram incluídos nos três grupos seguintes. Na quinta-feira, dos 576 estrangeiros que deixaram Gaza, 400 eram americanos. Outras 571 pessoas com cidadania dos Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Indonésia, Alemanha e México deixaram a zona do conflito na sexta-feira.

Ao todo, 34 brasileiros ainda estão em Gaza e um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) está a postos para repatriar o grupo.

Por Redação

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