Escritores famosos reagem com horror a atentado contra Salman Rushdie

O universo literário ficou em estado de choque com o ataque ao escritor Salman Rushdie, atacado na sexta-feira (12), em Nova Iorque, esfaqueado momentos antes de iniciar uma palestra. Nas redes sociais, autores consagrados como Stephen King e Neil Gaiman reagiram com horror à agressão ao autor, jurado de morte pelo governo do Irã pelo livro “Os Versos Satânicos”, considerado como uma blasfêmia ao Islã.

“Que tipo de idiota apunhala um escritor, afinal?”, questionou King em uma série de tuítes. “Estou chocado e angustiado ao ver que meu amigo Salman Rushdie foi atacado antes da palestra. Ele é um homem bom e brilhante”, escreveu Gaiman.

Ian McEwan, vencedor do Booker Prize, foi além, descrevendo o caso como um ataque à liberdade de expressão e de pensamento. “Salman tem sido um defensor de escritores e jornalistas perseguidos em todo o mundo. Ele é um espírito ardente e generoso, um homem de imenso talento e coragem”, escreveu o autor.

Suzanne Nossel, CEO da PEN America, uma organização em prol da liberdade de expressão na literatura, da qual Rushdie já foi presidente, descreveu o ataque como um ato “brutal e premeditado”. “Horas antes do ataque, Salman me enviou um e-mail para ajudar no acolhimento de escritores ucranianos que precisam de um refúgio seguro dos graves perigos que enfrentam. Salman Rushdie tem sido alvo de suas palavras por décadas, mas nunca recuou. Ele se dedicou incansavelmente para ajudar outras pessoas vulneráveis ​​e ameaçadas.”, escreveu em comunicado.

Um porta-voz do Conselho de Relações Americano-Islâmicas, o maior grupo muçulmano de direitos civis do país, disse estar preocupado que as pessoas culpem os muçulmanos ou o Islã pelo esfaqueamento antes que a identidade ou o motivo do agressor sejam conhecidos. “Os muçulmanos americanos, como todos os americanos, condenam qualquer violência contra qualquer pessoa em nossa sociedade”, disse Ibrahim Hooper ao “The New York Times”.

De acordo com a Associated Press, Rushdie estava prestes a dar uma palestra na Chautauqua Institution, um centro educacional sem fins lucrativos no oeste de Nova Iorque, quando foi surpreendido por um homem que desferiu facadas nele. O escritor caiu no chão, e o agressor foi contido por testemunhas.

Ataque premeditado

A promotoria do Estado de Nova Iorque acusou neste sábado (13) Hadi Matar, suspeito de esfaquear o escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie, de premeditar o crime. O autor do ataque, um homem de 24 anos de origem libanesa e morador de Nova Jersey, compareceu a uma audiência de custódia e foi indiciado por tentativa de homicídio duplamente qualificada.

No Irã, o ataque ao escritor foi recebido com júbilo entre religiosos xiitas. “Fiquei muito feliz em ouvir a notícia”, disse Mehrab Bigdeli, um homem de 50 anos que estuda para se tornar um clérigo muçulmano. A mensagem foi semelhante na mídia conservadora do Irã. Um dos jornais conservadores disse que o pescoço do demônio havia sido cortado por uma faca

Decreto de morte

A vida de Rushdie mudou completamente depois da publicação de Versos Satânicos em 1988. Os muçulmanos ficaram furiosos com a obra, que eles consideraram uma blasfêmia. O aiatolá Khomeini ordenou a morte do escritor, e Rushdie passou quase uma década escondido, durante a qual nem seus filhos sabiam onde morava.

Mesmo com a ameaça constante diminuindo aos poucos a partir do final da década de 1990, os eventos literários a que Rushdie comparecia eram sujeitos a ameaças ou boicotes.

Sua nomeação como cavaleiro da rainha Elizabeth II em 2007 gerou uma onda de protestos no Irã e no Paquistão, cujo ministro chegou a considerar que seria uma honra matá-lo em um ato suicida.

Por Redação

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