Envio de drones do Irã para a Rússia atacar a Ucrânia preocupa o governo dos Estados Unidos

O governo dos Estados Unidos lançou um amplo esforço para impedir o Irã de produzir e enviar drones para a Rússia usar na guerra na Ucrânia – o que reflete a histórica iniciativa americana de cortar o acesso de Teerã à tecnologia nuclear.

Em entrevistas nos EUA, na Europa e no Oriente Médio, uma série de autoridades de inteligência, forças armadas e governos descreveram um programa americano em expansão destinado a sufocar a capacidade do Irã de fabricar drones, dificultar para os russos o lançamento de aeronaves não tripuladas “kamikaze” e, se preciso, fornecer aos ucranianos as defesas necessárias para derrubá-las.

A amplitude do esforço ficou mais clara nas últimas semanas. O governo americano acelerou suas movimentações para privar o Irã de componentes fabricados no Ocidente necessários para a produção dos drones que são vendidos à Rússia após ficar evidente, a partir de exames de destroços de drones interceptados, que as aeronaves são recheadas com tecnologia fabricada nos EUA.

Ataque a locais

As forças americanas estão ajudando os militares ucranianos a atacar os locais onde os drones são preparados para lançamento – uma tarefa difícil, porque os russos mudam essas posições, usando campos de futebol e estacionamentos. Os americanos também estão se apressando para fornecer novas tecnologias aos ucranianos projetadas para dar alertas precoces sobre drones que se aproximem, para dar à Ucrânia chance de derrubá-los com o poder de fogo que o país possui, de projéteis de fuzil e metralhadoras a mísseis.

Mas as três estratégias se depararam com desafios. O esforço para privar os iranianos de itens críticos para os drones já está se provando tão difícil quanto tirar do Irã os componentes necessários para construir as centrífugas usadas para enriquecer urânio a níveis próximos dos necessários para produzir bombas nucleares.

Os iranianos, segundo autoridades americanas de inteligência, estão aplicando ao seu programa de drones o conhecimento que obtiveram em espalhar pelo país fábricas de centrífugas nucleares e encontrando tecnologias de “uso duplo” no mercado clandestino para contornar controles de exportação.

Ataques à Rússia

A dificuldade do governo americano em lidar com os drones fabricados no Irã chega em uma fase significativa da guerra, no momento em que a Ucrânia usa seus próprios drones para atacar alvos no interior da Rússia, incluindo um ataque, nesta semana, contra uma base que abriga alguns dos bombardeiros estratégicos russos. E ocorre enquanto autoridades em Washington e Londres alertam que o Irã pode estar prestes a fornecer mísseis à Rússia, ajudando Moscou a aliviar uma escassez aguda.

Autoridades ocidentais afirmam que Irã e Rússia, isolados pelas sanções lideradas pelos EUA, estão construindo uma nova aliança de conveniência. Uma graduada autoridade militar afirmou que essa parceria se aprofundou após a concordância do Irã em fornecer drones aos russos.

O governo de Joe Biden, após abandonar esperanças de ressuscitar o acordo nuclear de 2015 com Teerã, tem adotado novas sanções. No esforço para impedir ataques de drones, os conselheiros do presidente também estão conectando um aliado com longo histórico em minar o programa nuclear iraniano: Israel.

Israelenses

Em videoconferência reservada, as autoridades israelenses mais graduadas de segurança, militares, inteligência e o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, “discutiram a crescente relação militar do Irã com a Rússia, incluindo a transferência de armas que o Kremlin está usando contra a Ucrânia, mirando sua infraestrutura civil e o fornecimento russo de tecnologia militar para o Irã em troca”, afirmou a Casa Branca. O comunicado não deu detalhes de como os dois países decidiram agir em relação à questão.

Mas foi notável o fato de o governo americano ter escolhido trazer à luz a discussão em uma reunião que normalmente tem como foco prejudicar a capacidade nuclear do Irã. Israel e EUA têm um longo histórico em operar conjuntamente em relação a ameaças tecnológicas que emanam de Teerã. O desafio, porém, vai ficando cada vez mais complicado.

Por Redação

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