Empresário e o "Monstro" acusado de tortura e cárcere da esposa

 
O filho de um dos sócios do Shopping Três Américas, Hélio Pereira Cardoso Neto, de 37 anos, é acusado de agredir e manter a esposa em cárcere privado por quase dois anos. Segundo a denúncia, ele é suspeito de torturar física e psicologicamente a vítima, identificada como M.C.M.S., 23 anos.
 
 
Segundo o relato, ela era agredida com socos na cabeça, só podia fazer necessidades fisiológicas na presença do marido e quando saia, tinha de manter a cabeça baixa. Hélio, que tem mandado de prisão preventiva decretado pela juíza Ana Cristina Silva Mendes, da Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá, está foragido.
A jovem relatou em depoimento prestado perante à Delegacia Especializada de Defesa da Mulher no dia 18 de abril que ficou em cárcere privado durante quase dois anos e só foi liberada no último sábado (16), após o mandado de prisão e de busca e apreensão ter sido decretado pela justiça. Ela era mantida dentro da residência do casal, no Centro Sul de Cuiabá. O imóvel era cercado por muros altos e cercas elétricas.
A família da vítima só ficou sabendo das agressões e do cárcere há pouco tempo, depois que a jovem conseguiu entregar cartas para a mãe denunciando a situação. Em um dos bilhetes, ao qual o Olhar Direto teve acesso, ela dizia: “Não tenho liberdade para nada, fazer uma compra, nada. Isso é uma prisão”. Até a bíblia de M. ele teria queimado para que ela não rezasse. Em um trecho de outra carta, ela escrevia de forma desesperada: “Mãe, pelo amor de Deus, me ajuda”.
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Começo do relacionamento
Ainda conforme o depoimento, os dois se conhecem desde que a jovem tinha 12 anos, ocasião em que o suspeito já mandava flores, chocolates e bilhetes. Porém, só aos 18 anos foi que os dois engataram um relacionamento. No início, Hélio era muito romântico e geralmente mandava buquês, apesar de já demonstrar ser ciumento.
O relacionamento entre a vítima e o suspeito começou em 2010. Dois anos depois eles se casaram, mas terminaram por separar em 2013. Porém, No início de 2014 eles reataram, mas as promessas de melhora do companheiro da jovem não foram cumpridas. Na verdade, ainda conforme o depoimento, tudo só veio a piorar.
M. conta que quando retomou o relacionamento, “seu marido não a deixava fazer as necessidades fisiológicas sozinha no banheiro”. Além disto, ainda revela que no início do casamento já vivia em regime de cárcere privado. Isso porque apesar de conseguir fazer faculdade, ela era vigiada por uma pessoa contratada pelo seu companheiro.
Após a faculdade, ela revela que só podia sair de casa na companhia de Hélio. No começo, chegou a acreditar que ele estava tentando protegê-la, por ela ser muito nova e desconhecer alguns fatos. Após os dois se casarem, o rapaz começou a ser tornar mais possessivo e as agressões tiveram início (puxões de cabelo e segurar o braço da jovem com força excessiva).
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O depoimento da jovem narra que o suspeito começou a determinar que roupas ela deveria usar. Ainda é dito que Hélio alegava que precisava tomar um remédio para dormir e a convencia a também fazer o uso, alegando que seria para “regular o sono”.O medicamento é controlado e se chama “olcadil”, o qual causa dependência”. Ela relatou que fez uso deste medicamento durante seis meses.
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Ainda cita que quando os dois saiam, frequentavam restaurantes sem movimento, onde ela permanecia de cabeça baixa, a mando de Hélio. Declarou ainda que na festa de dois anos do casamento, organizada pelo suspeito, seus familiares não foram convidados, apenas a mãe dela esteve presente e foi humilhada, segundo o depoimento. Isso porque ele a obrigou ler uma carta dizendo que ele seria “pai, mãe e família dela”.
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Para tentar deixar transparecer que a jovem estava feliz, Hélio ainda colocou um outdoor em frente ao Shopping 3 Américas. Depois do evento, ele teria começado a dizer que a família não se interessava por ela e que nenhum deles prestava: “sangue é sangue, se um não presta, ninguém presta”, teria dito ele.
Na fazenda da família, a situação era a mesma. A garota somente podia andar de cabeça baixa, mesmo em frente aos sogros. Somente quando os locais continham apenas mulheres, ele autorizava que ela olhasse ao redor. M. relata também no depoimento que “nunca chegou a ir nem no portão de sua casa sozinha”. Nem televisão ela podia assistir, somente acompanhada do companheiro. Enquanto ele trocava de canais, ela novamente teria de permanecer com a cabeça baixa.
A jovem foi ainda proibida de fazer luzes no cabelo, já que para Hélio “só rapariga usa luzes no cabelo”. O depoimento da garota mostra ainda que ela era agredida fisicamente, às vezes em períodos curtos de tempo e outras em períodos menos frequentes. Ela apanhava ao menos duas vezes por mês, conforme relato.
Socos na cabeça
Para não deixar marcas na vítima, o rapaz dava socos na região da cabeça. Em 2015, ele teria a agredido com muita força, provocando hematomas nos braços, ombro e cabeça. O documento aponta também que um primo de Hélio teria sugerido os golpes na região da cabeça. Conforme M., o marido possuía duas armas em casa.
Nos relatos, ainda consta que a vítima foi chamada de “puta, rapariga e vagabunda”, além de ser comparada com “cães”. Após a retomada do relacionamento, Hélio teria perguntado para a jovem: “Você deu pra quantos lá?”, quando se referia a ocasião da separação em que ela havia ido para o estado do Acre, onde mora o pai,que fazia tratamento contra um câncer.
Foragido
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Hélio teve o mandado de prisão preventiva decretado na sexta-feira (15) pela Justiça. Um dia depois, quando o casal estava na fazenda, foi a última vez em que ela o viu. Isso porque, segundo o depoimento, o pai de Hélio ligou dizendo que ele estaria com mandado em aberto.
Após o depoimento, a vítima decidiu representar criminalmente contra o suspeito por crime de injúria, lesão corporal e cárcere privado.
M.disse também ter medo de que o rapaz faça algo contra a sua família e pediu medidas restritivas contra o acusado. Por conta das torturas físicas e psicológicas, a garota está sob tratamento psiquiátrico. O Olhar Direto ainda apurou que o suspeito estaria rondando a garota.
Buscas
Conforme o Boletim de Ocorrências (nº 2016.128409), de 16/04/2016, a Polícia Militar encontrou dentro da casa uma arma de fogo carregada com cinco munições e diversos medicamentos. O mandado de busca e apreensão foi acompanhado pelo advogado do suspeito e o irmão dele.
Outro lado
A reportagem do Olhar Direto entrou em contato com o advogado de Hélio, que explicou: ainda “não tenho conhecimento algum sobre o caso. Ainda vou me inteirar do assunto, pelo que sabemos está em segredo de Justiça. O que sei é que existe esta denúncia e posso te afirmar que acompanhei o mandado de busca e que foi encontrada sim uma arma, mas ao que parece, ela não é dele e tinha registro”. Por fim, o advogado Anderson Nunes de Figueiredo, afirma que irá apresentar o seu cliente no momento certo.
Fonte: olhardireto
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