Embaixada nega repatriar família de brasileiros feridos em bombardeio no Líbano

A Embaixada do Brasil no Líbano negou a repatriação dos brasileiros que se feriram após um bombardeio atingir sua casa em Saddike, no Sul do Líbano, no último sábado (1º). A informação foi confirmada nesta sexta (7) por parentes das vítimas.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que tem prestado assistência aos brasileiros feridos e que “eventuais pedidos de repatriação serão avaliados conforme orientações das equipes médicas sobre as condições de saúde dos envolvidos e à luz da normativa consular vigente”.

Fátima Boustani, que nasceu no Líbano e tem cidadania brasileira, estava na casa com os dois dos seus quatros filhos, uma menina de 10 anos e um menino de 9 anos, quando foram surpreendidos pelo bombardeio.

No momento do ataque aéreo, as outras duas crianças, de 12 e 7 anos, tinham saído para a casa dos avós. O marido dela, Ahmad Aidibi, mora em Itapevi (SP). Ele se mudou para o Brasil em busca de oportunidades de trabalho.

Segundo Hussein Ezzddein, primo de Aidibi e que mora em São Paulo, o comunicado da Embaixada foi encaminhado na quinta-feira (6) e diz que: “a pedido do Embaixador, venho reiterar que, de acordo com o regulamento consular brasileiro, não se procede à repatriação de brasileiros que também sejam nacionais dos países onde se encontram, salvo em casos excepcionais, a exemplo de repatriações coletivas”.

À família, o órgão ainda ressaltou que tem acompanhado de perto a evolução do quadro de saúde de Fátima e sua filha Zahraa, e que se empenhou para garantir a transferência dela para um hospital que lhe pudesse prestar a melhor assistência médica possível, garantindo sua internação sem ônus para a família.

“Estamos muito contentes com sua recuperação até o momento. A equipe da Embaixada do Brasil em Beirute permanece dedicada a prestar todo o apoio necessário a sua família e continuará a monitorar atentamente a evolução do estado de saúde da Senhora Boustani e de Zahraa”, finaliza o comunicado.

O Itamaraty ressaltou que, entre os requisitos da repatriação estão a expressa vontade do nacional em ser repatriado e declaração de hipossuficiência emitida pela Defensoria Pública da União. No caso de menores, é necessário a autorização de ambos genitores. Veja nota completa:

“O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil no Líbano, tem prestado assistência consular aos brasileiros feridos em ataques no Líbano.

O atendimento prestado aos brasileiros tem atribuído absoluta prioridade à recuperação dos envolvidos e leva em conta, principalmente, as avaliações realizadas pelas equipes médicas.

Como resultado de gestões realizadas pela Embaixada junto às autoridades locais, foi possível transferir cidadã brasileira de Tiro para receber assistência médica em hospital em Beirute. A Embaixada ofereceu, ademais, auxílio aos assistidos para fins de realocação, à luz da situação de segurança no sul do Líbano.

Eventuais pedidos de repatriação serão avaliados conforme orientações das equipes médicas sobre as condições de saúde dos envolvidos e à luz da normativa consular vigente. Dentre os requisitos da repatriação estão a expressa vontade do nacional em ser repatriado e declaração de hipossuficiência emitida pela Defensoria Pública da União.

No caso de menores, é necessário a autorização de ambos genitores. Ademais, somente em casos excepcionais é realizada a repatriação de binacionais que sejam também nacionais dos países onde se encontrem”.

Estado de saúde
Fatima foi levada em estado grave e com rosto desfigurado ao Hospital Libanês Italiano, em Tiro. Ela foi transferida para um hospital em Beirute, capital do país, e apresenta melhoras.

A filha de 10 anos permanece no Hospital Libanês Italiano e o estado de saúde é estável após passar por três cirurgias na perna. O outro filho recebeu alta na quarta-feira (5). Conforme Hussein, o marido de Fátima está com medo de que novos ataques atinjam os filhos, já que os bombardeios israelenses no sul do Líbano continuam. Por isso, ele ainda gostaria que fossem repatriadas as crianças, já que Fátima segue internada em situação que precisa de assistência médica.

“A situação da guerra está piorando. Está muito tenso lá. Diante da negativa, vamos ver se conseguimos arrecadar dinheiro, fazer vaquinha”, ressaltou o primo.

Por Redação

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