Em Portugal, crianças são vendidas a R$ 5 mil e forçadas a pedir dinheiro na rua

Redes internacionais de tráfico humano têm chamado a atenção de Portugal, após denúncias de compra e venda de crianças no país. Uma reportagem do Jornal de Notícias denunciou a prática criminosa com menores de idade. Segundo o periódico português, eles são obrigados pelas organizações a pedirem dinheiro na rua, se casar e engravidar depois de serem comercializados por cerca de mil euros. O valor equivale a pouco mais de R$ 5 mil na moeda brasileira.

De acordo com a reportagem, os grupos por trás das comercializações são provenientes, em especial, do sudeste europeu, como Bulgária e Romênia. Portugueses, no entanto, também estariam envolvidos. Uma das exigências dos criminosos é a de pedir esmola na porta de supermercados, estações de transportes públicos e igrejas. A quantia diária mínima estipulada varia entre € 30 e € 50 (de R$ 163 a R$ 327). Alguns deles chegam a conseguir até € 250 (R$ 1.360).

A Polícia Judiciária do Porto aponta que se trata de clãs familiares que se aproveitam de pessoas mais vulneráveis, como menores de idade e adolescentes com bebês de colo, uma vez que elas “rendem mais” ao pedir dinheiro na rua a estranhos. As investigações demonstram que, ao final do dia, aqueles não conseguem os valores pedidos sofrem maus-tratos físicos.

Um dos casos, em especial, chamou a atenção. Trata-se de uma menina romena vendida duas vezes pela própria mãe aos 10 anos de idade. A criança acabou se tornando escrava doméstica por cinco anos e foi forçada a se casar. No relacionamento com o marido, passou a sofrer abusos físicos e sexuais. O casal que a comprou a espancava e a mandava roubar mercados sob sua supervisão.

Durante um dos episódios de maus-tratos, testemunhado pela proprietária de um café, as autoridades foram alertadas do ocorrido. De acordo com o SIC Notícias, a jovem, já com 17 anos, conseguiu ser libertada da rede após a denúncia da testemunha. O Observatório do Tráfico de Seres Humanos português registrou 12 casos de mendicidade forçada entre 2019 e 2021. O governo, no entanto, acredita que os números estão aquém da realidade.

O Instituto de Apoio à Criança de Portugal afirma que esta realidade é a “face invisível” do tráfico humano, resultado da pobreza de famílias desestruturadas.

“Essas redes geralmente fazem com que as crianças não tenham ligações, laços, e [assim] é mais fácil adentrar nesses ambientes de miséria extrema”, explica Dulce Rocha, presidente do instituto.

Por Redação

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