Em 100 dias, os eleitores norte-americanos decidirão quem comandará a Casa Branca, as duas Casas do Congresso, 11 governos estaduais e centenas de cargos locais

Daqui a 100 dias, os eleitores dos Estados Unidos decidirão quem comandará, a partir de janeiro, a Casa Branca, as duas Casas do Congresso, 11 governos estaduais e centenas de cargos locais, além de questões como o direito ao aborto em estados decisivos, entre eles Nevada, em cenário polarizado.

A sequência de acontecimentos históricos fizeram o calendário ter avançado seis meses nos últimos 15 dias. Período em que foram radicalmente alterados os ânimos dos militantes, as estratégias das campanhas e o volume de doações nos dois lados da disputa. Que, em sua reta final, ficou ainda mais acirrada e com resultado menos previsível.

No último dia 13, Donald Trump, de 78 anos, sofreu atentado em comício na Pensilvânia. Cinco dias depois, sua tentativa de retornar a Washington foi confirmada na Convenção Republicana. Passaram-se três dias e o presidente Joe Biden, 81, após fritura interna desde seu tenebroso desempenho no primeiro debate televisivo, em junho, anunciou o fim de sua ambição em ser reeleito. Em pouco mais de 48 horas, a vice-presidente Kamala Harris, 59, conquistou o apoio da maioria dos delegados que, no fim de agosto, na Convenção Democrata, ungirão a primeira mulher negra e descendente de asiáticos com possibilidade de comandar a maior potência do planeta.

A corrida eleitoral foi redefinida, de forma inédita, a pouco mais de três meses do pleito. E, naturalmente, buscou-se nos números bússola para os próximos capítulos até 5 de novembro.

Os democratas comemoraram, com razão, em pesquisas nacionais, o avanço de Kamala em relação a Biden. Em duas delas, as do New York Times e do Wall Street Journal, a democrata reduziu a vantagem do republicano de seis pontos para dois. Em outra, da Ipsos/Reuters, a vantagem, com distância idêntica, é dela.

Rearranjo

Se analisadas com lupa, indicam, como apontou Ezra Klein em seu podcast no New York Times, um “rearranjo”, com demonstração de força dos dois lados. Trump bate, no pós-atentado, seus melhores índices de aprovação, chegando a 48%. E Kamala trouxe de volta à coalizão governista a maioria de jovens, mulheres, negros e latinos.

Nos próximos 100 dias, as campanhas buscarão fazer com que o adversário defenda mais estados e queime mais recursos em novas frentes. O trumpismo já havia registrado avanço sobre Virgínia, Minnesota e Novo México, entre eleitores sem diploma universitário. Com Kamala, os democratas registram em pesquisas internas empate na Geórgia e na Carolina do Sul, que têm significativo eleitorado negro. E pesquisa da Fox divulgada mostra empate em Pensilvânia, Wisconsin e Michigan. Nas palavras de um veterano estrategista republicano, “chegou a hora de jogar War, e com dinheiro de verdade, não o do Banco Imobiliário”

Estratégias

– Kamala Harris: Não foi acaso o primeiro comício de Kamala ter sido no Wisconsin. Com Pensilvânia e Michigan, o estado faz parte da “muralha azul”, onde ela precisa vencer para chegar aos 270 votos no Colégio Eleitoral. São unidades marcadas pela desindustrialização e o sentimento antiglobalização, explorado pelo Faça a América Grande Novamente, de Trump. Em 2016, ele venceu nas três com menos de 1% de vantagem. Quatro anos depois, Biden o derrotou com margens maiores. Uma das diferenças, dizem democratas, foi o ânimo dos eleitores que queriam tirar Trump do governo.

Daí a campanha investir no “não vamos retroceder”, que engloba a denúncia do assalto à democracia pelos trumpistas em 2021 e a defesa ao direito ao aborto, tema central, mostram pesquisas, nos três estados.

– Donald Trump: O ex-presidente escolheu para vice o senador JD Vance, de Ohio, estado com características similares aos dos da muralha azul, de olho no simbolismo do jovem filho de trabalhadores caucasianos, típico da América Profunda.

A campanha prega que o recorde de entrada de imigrantes não-documentados nos anos Biden-Harris tirou o emprego dos americanos e aumentou a criminalidade no país, mensagem que ecoa tanto nas zonas rurais quanto nas urbanas dos três estados. Mas os republicanos temem que se Kamala escolher o popular governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, para vice, o efeito Vance, que já sofre com a rejeição das eleitoras por sua defesa do “modelo de família tradicional”, possa se dissipar.

Por Redação

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