“Eles que elejam o presidente que quiserem”, diz Lula sobre as eleições na Venezuela

Um dia após o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmar que pode haver “banho de sangue” e “guerra civil” na Venezuela caso ele não vença as eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nessa sexta-feira (19) que o país deve “escolher o presidente que quiser”, em um evento em São José dos Campos (SP).

“Por que eu vou querer brigar com a Venezuela? Por que eu vou querer com Nicarágua? Por que eu vou querer com a Argentina? Eles que elejam os presidentes que quiserem”, disse o presidente, segundo imagens da GloboNews.

A declaração foi dada quando Lula defendia a relação pacífica do Brasil com outros países em declarações em uma cerimônia na qual anunciou investimentos em obras na Via Dutra e na Rio-Santos.

“Uma coisa que o Brasil tem que ninguém tem: não tem nenhum país do mundo sem contencioso com ninguém, como o Brasil”, ele disse. “O Brasil tem que gostar de todo mundo.”

Apenas retórica

Segundo fontes do governo brasileiro, a declaração feita por Maduro na última quinta (18) pode ser apenas retórica perante pesquisas de opinião que o mostram atrás de seu principal adversário, Edmundo González Urrutia.

Segundo interlocutores da área diplomática, o Brasil só vai atuar na questão se for chamado por representantes de Maduro e da oposição, “dentro do espírito de Barbados”, referindo-se a um acordo assinado entre oposição e governo venezuelano em outubro do ano passado no país caribenho. Mediado por Noruega com a ajuda de vários países, como Brasil, Colômbia e Estados Unidos, o pacto prevê eleições livres, justas, transparentes e aceitas pelos dois lados em disputa.

De acordo com um diplomata, a eleição da Venezuela é um assunto dos venezuelanos, e o Brasil precisa ser chamado para poder se manifestar, para que não haja interpretação de que há interferência brasileira em assuntos internos.

Assessor para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim conversou, na última quarta (17), com o conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan, sobre a situação na Venezuela. Há expectativa de que os americanos endureçam as sanções em vigor contra a Venezuela caso Maduro não aceite uma eventual derrota.

À TV Globo, Amorim disse, em Washington, que a fala de Maduro “não é desejável”, afirmando que tem mantido contato com os dois lados e que acredita que a eleição transcorrerá sem problemas.

“Não acredito que haverá um banho de sangue”, afirmou.

 

Por Redação

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