Deixar de beber traz benefícios para o corpo: conheça 9 deles

Não é segredo para ninguém que o consumo excessivo de álcool diariamente faz mal para o organismo, saúde mental e até para os relacionamentos interpessoais. Os chamados etilistas colhem uma série de malefícios para o corpo. E nem precisa ser quem bebe até cair: basta ter o consumo de álcool associado a prejuízos na vida pessoal ou trabalho para ser considerado como tal.
Mas é possível parar e isso pode fazer muito bem para seu corpo. Para começar, saiba que o álcool é tóxico e agride o sistema nervoso central, principalmente se consumido em quantidades maiores de duas doses, no caso dos homens, ou uma dose, no caso das mulheres. Essa ação pode prejudicar o sono, o humor, a capacidade cognitiva e motora, a sensação de energia vital, etc.
Veja os principais efeitos benéficos ao deixar o etilismo:

1. Gordura no fígado tende a regredir

Fígado é um dos órgãos mais importantes do corpo humano - Getty Images - Getty Images
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O fígado, como já se sabe, é um dos órgãos mais afetados pelo excesso de álcool no organismo. Quando a pessoa para de beber, os níveis de acúmulo de gordura no fígado tendem a regredir e, dependendo do caso, o fígado pode se recuperar e voltar a funcionar normalmente. Isto porque ele possui uma grande capacidade de regeneração.
No entanto, se a pessoa já tiver uma cirrose, por exemplo, não haverá regressão do quadro e, se for preciso fazer um transplante é necessário que o paciente esteja livre do álcool.

2. Coração agradece

O excesso de peso é um dos fatores de risco para doenças cardiovasculares (infarto e AVC) e diabetes. Logo, quem deixou a bebida reduz o risco de ter essas doenças, bem como insuficiência cardíaca e miocardite (inflamação das células do músculo do coração).
Outro benefício é a diminuição de arritmias cardíacas. Além disso, em casos de pacientes hipertensos há uma tendência de redução da pressão arterial.

3. O risco de mais doenças diminuem

O álcool modula o sistema imune diminuindo a capacidade de defesa frente a infecções. Então, parando de beber, provavelmente, você não terá mais infecções tão facilmente.
Além disso há fortes associações de que bebida aumenta o risco de câncer de boca, esôfago, intestino grosso e reto. Portanto, interromper o uso diminui o risco desses cânceres. Aqui também vale mencionar que o uso crônico do álcool causa pancreatite, que é uma inflamação no pâncreas causada, principalmente, por alcoolismo e tabagismo.
Com a suspensão do álcool, antes de a doença chegar a um estágio irreversível, o pâncreas também pode voltar a funcionar normalmente, na maioria dos casos.

4. Pele sem manchas

Espinha, pele negra - iStock - iStock
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O etilismo deixa a pele seca e escamosa, o que facilita o aparecimento de rugas e linhas finas. Isto é, a doença causa um envelhecimento precoce e também tem efeito inflamatório e vasodilatador, o que é percebido na pele com vermelhidão, fissuras e inchaço.
Entretanto, em uma semana em abstinência a qualidade da pele melhora visivelmente. Além disso, a resposta do corpo para problemas como rosácea e pele desidratada é otimizada, deixando o rosto mais bonito, jovem e macio.

5. Falta de vitamina não será mais um problema

É comum que etilistas tenham um déficit de vitaminas no corpo, especialmente as do complexo B, já que o álcool prejudica a absorção. O mesmo acontece com as proteínas, por isso também é comum haver graves problemas de desnutrição.
Logo, tirando o elemento agressivo, o organismo volta a absorver as vitaminas. Mas aqui vale destacar que quando há uma lesão irreversível, que causou algum tipo de gastrite ou que inflamou muito a mucosa, não é possível recuperar esse depósito de vitaminas. Nesses casos é preciso repor continuamente.

6. Sensibilidade recuperada

Etilistas tendem a perder a sensibilidade nos pés, mãos e em outras partes do corpo. Esse quadro chama-se neuropatia e refere-se a doenças ou problemas nos nervos. Após deixar a bebida, a sensibilidade pode ser recuperada totalmente.

7. Perda de peso

Balança perder peso - iStock - iStock
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Junto com o excesso de álcool algumas pessoas têm o hábito de ingerir alimentos calóricos como frituras (os tira-gostos dos bares). E, quando param de beber acabam reduzindo essa ingestão e perdem peso. Sem contar que o álcool já é calórico, o que facilita o acúmulo de gordura no abdome. Portanto parar de beber pode fazer com que você volte ao peso adequado.

8. Melhora do sono

Embora o álcool ajude a adormecer, ele piora a qualidade e descanso da sua noite. Isto porque ele desorganiza a atividade elétrica cerebral responsável pelas diferentes fases do sono. Então, se você eliminou o álcool da sua vida, saiba que seu sono será bem mais profundo e reparador de agora em diante.

9. Mais disposição

Com a saúde em dia, não haverá mais falta de disposição para fazer atividades rotineiras, exercícios físicos e várias outras coisas que até então não conseguia mais fazer.

Procure ajuda especializada

Médico - iStock - iStock
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Quando o consumo é frequente e excessivo, ao longo do tempo, algumas pessoas podem até desenvolver sintomas de abstinência ao cessar a ingestão abruptamente. Existem diferentes graus de abstinência alcoólica, alguns leves, que podem causar pequenos tremores ou irritabilidade, e outros mais graves, que causam reações como delírios, alucinações ou até mesmo convulsão.
Por isso é preciso ter cuidado, se você quer parar de beber, não faça nada sem ajuda de um profissional, pois há relatos de pacientes que até morreram de abstinência alcoólica.
Em seguida, após esse processo inicial, o cérebro tende começar a funcionar normalmente. É neste momento que o paciente deve focar no tratamento de longo prazo e na prevenção de recaídas. Esta é a fase de readaptação do cérebro sem a droga.
Após a abstinência, a maioria das pessoas apresenta a chamada disforia tardia, que dura de um a três meses. Nessa fase, o sistema de recompensa da pessoa ainda não está funcionando corretamente e, por consequência, ela tem dificuldade de perceber prazeres e apresenta vários sintomas depressivos.
Passada a disforia tardia, o cérebro realmente volta a funcionar normalmente e a pessoa pode voltar a sentir emoções benéficas e alegrias no cotidiano, desde que busque essa nova realidade. Ocorre, portanto, uma mudança de perspectiva e, aos poucos, a pessoa vai tentando voltar ao que era antes da bebida. Mas fique atento, é nessa fase que costuma haver recaídas.

Nem sempre o vício acaba, às vezes ele muda

De acordo com os especialistas, na verdade, uma dependência química não desaparece. É comum as pessoas trocarem o álcool por outras coisas, por exemplo, passar a consumir açúcar em excesso, jogos, compulsão por sexo, tabagismo, entre outras. Isso acontece porque o sistema de recompensa cerebral tem dois neurotransmissores principais: a serotonina e a dopamina. A serotonina é o hormônio do bem-estar e a dopamina é o hormônio neurotransmissor da recompensa.
Nos casos de dependência química como etilismo (que é o vício em álcool) ou tabagismo, a droga se liga na dopamina e com isso há a sensação de recompensa no cérebro. Por isso é comum as pessoas trocarem a sensação de bem-estar que tinham com determinada dependência por outra. O problema é o desequilíbrio.
Nessas horas, os especialistas recomendam que a troca seja feita por algo saudável e prazeroso. A corrida, por exemplo, é uma ótima atividade física.
FontesFrederico Garcia, psiquiatra, professor do Departamento de Saúde Mental da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais); Victor Bigelli de Carvalho, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo); Marcelo Ferraz Sampaio, cardiologista da BP (A Beneficência Portuguesa de São Paulo); Simone Reges Perales, médica-cirurgiã do aparelho digestivo e transplante hepático do Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Henrique Carvalho Rocha, gastroenterologista e hepatologista do Hospital das Clínicas da UFMG e da Rede Mater Dei de Saúde; Fernanda Seabra, dermatologista da Rede D’Or São Luiz (DF) Andressa Heimbecher Soares, endocrinologista, membro da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional São Paulo).
 
Bruna Alves
https://www.uol.com.br/vivabem

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