Considerada o amor da vida do rei, sua confidente e amiga desde a juventude, Camilla deverá ter muita influência no novo reinado

Charles III não é o único monarca a subir ao trono britânico. Ao lado dele, sua mulher, Camilla Parker-Bowles, será rainha consorte – a primeira no Reino Unido desde 1937. Considerada o amor da vida do rei, sua confidente e amiga desde a juventude, Camilla deverá ter uma posição de influência no novo reinado.

O caminho até o topo da família real, no entanto, não foi fácil e até recentemente havia dúvidas se ela de fato assumiria o título de rainha consorte. Durante anos, Camilla foi criticada e difamada pelo relacionamento que teve com Charles enquanto ele ainda era casado com a princesa Diana.

A princesa chegou a culpar Camilla publicamente pelo fracasso de seu casamento, afirmando na famosa entrevista à BBC, em 1995, que “havia três pessoas” em seu relacionamento com o então príncipe de Gales.

Quando Diana morreu em um acidente de carro em Paris, em 1997, Camilla foi retratada pela mídia como a mulher mais odiada do Reino Unido, alguém que nunca poderia se casar com Charles e muito menos se tornar rainha.

Regras reais

A tradição real dita que o título de rainha consorte é dado à esposa do rei, mas o divórcio de Charles e Diana, em 1996, complicou a situação. Na época de sua separação, a Igreja da Inglaterra se opôs ao divórcio e a admiração do público por Diana era (e continua sendo) forte, fazendo com que muitos criticassem o fato de Camilla, possivelmente, assumir o mesmo título.

Após seu casamento com Charles, em 2005, Camilla não assumiu o título de princesa de Gales, que era de Diana, optando pelo título de duquesa da Cornualha. Na ocasião, assessores reais também chegaram a indicar que ela seria conhecida apenas como “princesa consorte”, quando seu marido um dia se tornasse rei, fazendo assim uma concessão à opinião pública, ainda contrária à união.

Mais recentemente, uma pesquisa do instituto YouGov revelou que apenas 20% dos britânicos diziam que Camilla deveria assumir o título de rainha consorte, com quase 40% acreditando que ela deveria ser chamada de princesa consorte.

Virada de mesa

No entanto, em fevereiro do ano passado, na véspera do Jubileu de Platina, comemorando o 70.º aniversário do reinado da rainha Elizabeth II, a monarca anunciou que era seu “desejo mais sincero que, quando chegasse a hora”, Camilla fosse conhecida como rainha consorte.

“Por muito tempo, a reputação de Camilla não era das melhores e ela era vista apenas como a amante de Charles. Nos anos 90, as pessoas não a teriam aceitado como rainha”, disse ao Estadão Pauline Maclaran, especialista na família real e professora de marketing e pesquisa do consumidor na Royal Holloway University.

“No entanto, a família real fez um trabalho notável para mudar a percepção do público sobre ela. Houve um esforço de relações públicas e de marca pessoal para torná-la aceitável e funcionou muito bem, pois as pessoas não são tão hostis a ela como costumavam ser, e hoje ela é muito mais aceita.”

Devoção

Em seu primeiro discurso após a morte da rainha Elizabeth II, em setembro, Charles expressou sua gratidão a Camilla, citando sua “inabalável dedicação ao dever”.

“Este também é um momento de mudança para minha família. Conto com a ajuda amorosa de minha querida esposa, Camilla. Em reconhecimento ao seu leal serviço público desde o nosso casamento há 17 anos, ela se torna minha rainha consorte. Sei que ela trará para as demandas de seu novo papel a devoção inabalável ao dever, na qual passei a confiar tanto”, disse Charles.

O título de rainha é reservado para uma monarca que reina por direito próprio, enquanto o título de rainha consorte é dado à esposa de um monarca. A última rainha consorte foi a mãe de Elizabeth II, que ficou conhecida como rainha-mãe depois que o rei George VI morreu e sua filha ascendeu ao trono.

O papel oficial de uma rainha consorte é fazer companhia ao rei, além de dar apoio moral e prático em compromissos públicos do soberano, como na recepção de chefes de Estado ou comparecer a bailes e eventos de caridade.

Ao contrário do rei ou da rainha reinante, o consorte não ocupa uma posição formal na estrutura do governo e, portanto, não possui tarefas e responsabilidades definidas. Assim, é provável que Camilla continue desempenhando o trabalho que faz em instituições de caridade.

“Camilla fez um trabalho formidável no apoio às vítimas de violência doméstica, mostrando que tem influência nas áreas em que mostra interesse. Ela dá uma nova dimensão à monarquia e será interessante ver como isso se desenrolará nos próximos anos”.

Por Redação

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