Coluna – Torneio na Holanda abre ciclo do vôlei sentado rumo a Paris

O ciclo paralímpico do vôlei sentado brasileiro, rumo aos Jogos de Paris (França), em 2024, começou na semana passada, com a participação das seleções masculina e feminina no Torneio da Holanda, competição amistosa realizada em Assen. O Brasil alcançou as semifinais nos dois naipes. Os homens ficaram em terceiro lugar e as mulheres em quarto.

As equipes viajaram à Holanda com 12 jogadores cada. A masculina teve cinco novidades em relação à Paralimpíada de Tóquio, no ano passado, sendo algumas caras novas na seleção, casos do paraense Paulo Maurício e do paulista José Clínio. Na primeira fase, os brasileiros venceram Inglaterra, Holanda (ambos por três sets a zero) e Estados Unidos (três a um), e perderam para o vice Cazaquistão (três a zero) e para a campeã Alemanha (três a um). Um novo triunfo sobre os norte-americanos, agora por três a zero, garantiu o bronze ao time do técnico Fernando Guimarães, que substituiu Célio César Mediato após os Jogos na capital japonesa, voltando ao posto que ocupou entre 2010 e 2016.

“Achei que foi bem proveitoso. Fiz um pacto com os meninos, de que não ficaríamos fora de nenhum pódio. Achei bacana o terceiro lugar, pois todas as equipes estão à nossa frente na preparação. Já sabíamos o que encontrar, mas o saque viagem delas me impressionou. Está muito forte, atrapalhou muito nossas jogadas rápidas. Foi legal quando conseguimos jogar rápido, fluiu bem. Fiquei orgulhoso dos meninos. Foram cinco, seis estreias na seleção. Todo mundo foi muito corajoso, voluntarioso, jogando como equipe. Novas posições, esquema de jogo novo, são muitas mudanças”, destacou Fernando à Confederação Brasileira de Voleibol para Deficientes (CBVD).

A seleção feminina, por sua vez, manteve a base que foi medalhista de bronze em Tóquio. Apenas duas atletas (Suellen Lima e Danielle Barcelos) que competiram em Assen não estiveram nos Jogos, sendo que somente Danielle era, de fato, uma estreante (Suellen fez parte do time que conquistou o bronze paralímpico no Rio de Janeiro, em 2016). A equipe esteve a cargo de Marcelo Francisco, que foi auxiliar de José Agtônio Guedes, comandante das brasileiras nos dois últimos ciclos. Ele, atualmente, é o secretário nacional do Paradesporto do Ministério da Cidadania e ainda não tem a continuidade na seleção confirmada.

As brasileiras estrearam com derrota (três a zero) para o Canadá, rival a quem superaram na disputa do bronze em Tóquio. Recuperaram-se batendo holandesas e alemãs pelo mesmo placar. Na quarta rodada, diante das rivais norte-americanas (campeãs paralímpicas e de quem perderam na semifinal dos Jogos no ano passado), sofreram novo revés, agora por três a um. No último dia do torneio, a seleção foi surpreendida pela Itália (três a um), mas se recuperou ao fazer três a zero na Inglaterra, encerrando a participação em quarto lugar, atrás justamente das equipes que a bateram em Assen. Os EUA ficaram com a taça.

“O torneio foi muito válido para aplicarmos o que treinamos no CT [Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo] e ver o que precisamos melhorar. O plano era ficarmos entre os três primeiros, mas a [quarta] colocação foi aceitável. Mudamos totalmente o sistema de jogo, a forma de jogar. Tivemos pouco tempo de preparação, tendo em vista que algumas meninas tiveram intoxicação alimentar, mas houve pontos positivos. Tiramos um set dos EUA e percebemos que, principalmente, Itália e Canadá evoluíram muito, com um volume muito forte. As bolas que caíram em Tóquio [contra o Canadá] não caíram na Holanda”, descreveu Marcelo, também à CBVD.

A competição serviu de preparação para o Campeonato Mundial de vôlei sentado, marcado para novembro, em Sarajevo (Bósnia e Herzegovina). Inicialmente, o torneio seria no mês passado, em Hanghzou (China), mas o aumento dos casos do novo coronavírus (covid-19) no país asiático forçou o adiamento e a troca da sede. O ataque militar russo à Ucrânia, por sua vez, impediu um intercâmbio entre as seleções masculinas ucraniana e do Brasil, que, a princípio, seria em abril. Apesar de fases de treinamento mensais, em frequência maior que no ciclo anterior, os brasileiros estavam sem jogar desde Tóquio e sentiram falta de mais enfrentamentos.

“Quando virou o ciclo, a gente viu que precisava mudar algumas coisas e ainda estamos testando. Vimos não só o que deu certo ou errado, mas a evolução das equipes de fora, que estão tendo oportunidade de jogar muito mais e ter ritmo. Geograficamente, a Itália está privilegiada e consegue fazer vários amistosos na Europa. O Canadá vem de uma série de amistosos contra os EUA. A gente vê que faz diferença. [O torneio na Holanda] foi meio que uma resposta do que a gente precisa ajustar em quadra, mas também entender que precisamos jogar mais”, avaliou Luiza Fiorese, jogadora da seleção feminina, à Agência Brasil.

“Como elas [adversárias] estão toda hora jogando, fazendo viagens, acabam tendo mais volume de jogo e regularidade. É o que faltou para a gente, essa calma para definir quando a bola voltava de graça, ter paciência para rodar. São coisas normais, mas [os jogos] serviram para isso. A gente viu que precisa jogar mais, competir torneios desse nível. A gente pode ter uma evolução técnica e tática muito grande. A competição mostrou muitas coisas, deu uma cara nova à equipe, sangue novo ao pessoal. Agora, é dar continuidade”, completou Marcelo.

 

Por Redação

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