China estende exercícios militares em Taiwan e ignora pedidos pelo fim das manobras, interrompendo o transporte marítimo e aéreo

A China estendeu os exercícios militares em Taiwan. A nova fase de manobras interrompeu o transporte marítimo e aéreo e aumentou os temores de que o período de tensões se prolongue. A decisão desafia os pedidos para que os chineses suspendam as operações ao redor da ilha, cuja soberania não é reconhecida por Pequim.

Os exercícios militares são uma resposta à viagem a Taiwan da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, na semana passada. As manobras, que começaram na última quinta-feira (4), em seis zonas ao redor da ilha, deveriam ter terminado no domingo (7). No dia seguinte, no entanto, a China disse que continuaria a operação.

A visita de Nancy, a primeira de uma autoridade americana de alto escalão a Taiwan desde 1997, foi considerada por Pequim uma violação de sua soberania. Além das operações militares, Pequim suspendeu a cooperação com os Estados Unidos em vários temas cruciais, incluindo a luta contra a mudança climática e questões de segurança.

Coreia

O presidente da China, Xi Jinping, também anunciou manobras com munição real no Mar Amarelo, entre o continente e a Península Coreana, que vão até o dia 15. As operações, segundo a Marinha chinesa, ocorrerão na Baía de Haizhou, e navios ficarão proibidos de entrar por motivos de segurança.

Os chineses também iniciaram ontem exercícios militares no Mar de Bohai, por um mês, e emitiram alertas para que navios evitem a área durante horários específicos. Testes semelhantes foram realizados no local nesta mesma época, em 2021.

Diante do incremento da atividade militar chinesa nos últimos dias, o Exército taiwanês anunciou que fará dois testes com munição real na próxima semana, segundo o jornal South China Morning Post.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, disse que Pequim está realizando manobras normais “em suas águas” de maneira transparente e profissional.

A reunificação de Taiwan com a China é uma meta de Xi, que tentará obter mais um mandato como presidente da China no congresso do Partido Comunista, em novembro. O governo taiwanês critica as ameaças e acusa Pequim de criar uma crise deliberadamente. O Ministério da Defesa chinês tem mantido sua pressão diplomática. “A situação tensa no Estreito de Taiwan é inteiramente provocada e criada pelos EUA”, disse o porta-voz do ministério, Wu Qian.

Propaganda

Outra ferramenta de batalha é a ofensiva de propaganda da China, destinada a minar a confiança de Taiwan, ao mesmo tempo que busca satisfazer o sentimento nacionalista no continente.

Depois que os exercícios militares começaram, na semana passada, a mídia estatal chinesa e alguns diplomatas compartilharam publicações e artigos destacando símbolos da cultura chinesa em cidades taiwanesas, o que, segundo eles, reforçaria a reivindicação de Pequim sobre a ilha.

No Twitter, a porta-voz da chancelaria da China, Hua Chunying, publicou mapas da capital taiwanesa, mostrando a localização de dezenas de restaurantes chineses. “Os paladares não enganam. Taiwan sempre fez parte da China. A criança perdida acabará voltando para casa”, escreveu.

Segundo o jornal Financial Times, a campanha de propaganda tem jogado com a identidade nacional de Taiwan, além da história da migração chinesa e das ondas consecutivas de colonização.

Por Redação

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