Cantigas de Viola Relicários de Sons do Sertão – por Edson Lodi

O livro mais recente do escritor Edson Lodi, a ser lançado neste domingo (20), a partir das 18h30, Casa da Sopa, Avenida Constelação, 22 – Morada do Sol (Aleixo), trata do resgate da historicidade do uso da Música Popular Brasileira – MPB na ritualística do Centro Espirita Beneficente União do Vegetal – UDV, instalado em Manaus desde a década de 1960.
Busca, como fruto de intensa pesquisa, a altura e importância que tem a MPB para a nossa cultura por seu valor intrínseco, como expressão de um “Brasil Profundo”.

Essa expressão, referida por grandes artistas e escritores, a exemplo de Ariano Suassuna e Elomar, por sua inesgotável e surpreendente riqueza poética manifestada, é preservada e multiplicada no contexto muito especial da União do Vegetal, tendo como principal referência o criador dessa religião, o Mestre José Gabriel da Costa (1922–1971).
Cantiga de Viola – Relicário de Sons do Sertão nos permite, enquanto leitores, uma experiência que é também poética e espiritual. Sua leitura ideal não é aquela distanciada, do crítico, nem aquela outra descompromissada, dos diletantes.
Para quem está atento, como Edson, à presença do sagrado nas coisas mais simples do viver (é nelas mesmas que se conservam os encantos, de forma muitas vezes imperceptível, no corre-corre da vida moderna), a música é em si mesma um relicário, no qual repousam sensações agudas, experiências profundas, a luz fina da consciência desperta e do amor redivivo.
Assim, tendo como fonte a utilização de música pela União do Vegetal, o livro nos conduz às histórias de artistas brasileiros como Jackson do Pandeiro, Marinês, Jacinto Silva, Nonô e Naná, resgatando suas musicalidades, possibilitando às novas gerações terem acesso a uma discografia virtualmente ausente das mídias sociais.
É nesse rondó sem fim que Cantiga de Viola reúne, como numa quadrilha de São João, Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Zito Borborema, Dominguinhos, Quinteto Armorial, Renato Teixeira, Banda de Pau e Corda, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Villa Lobos; sem falar nos tantos músicos que se tornaram sócios da UDV, como Xangai, Margareth Menezes, Marcos Lessa, Flávia Wenceslau, entre tantos outros não citados, mas nem por isso menos importantes.
Antonia Torreão Herrera, professora de Criação Literária na Universidade Federal da Bahia, assim se refere ao autor: “O estilo de Edson Lodi prima pela leveza. Ele toca com devoção nas palavras, constrói cada frase como uma pequena sinfonia. Não se trata de um usuário da língua, mas de um sacerdote diante do seu culto, num ritual de carinho e respeito pelo vernáculo, tecendo imagens que sustentam a leveza e a precisão dos sentimentos. Sua devoção é o lugar sagrado de suas palavras.”
Edson Lodi é, escritor e poeta, nasceu entre as montanhas de Minas e convive com o cerrado de Brasília há mais de 50 anos. Pelo verde de seu coração e pelo amor ao Acre, foi-lhe concedido o título de Cidadão Benemérito do Estado. É jornalista formado pela Universidade de Brasília – UNB.
Entre suas andanças pelo Brasil, encantou-se com o Amazonas e sua gente de tal forma, que todos os livros de sua autoria foram lançados na Capital Manauara, com a presença de numerosos amigos e gentis admiradores.

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