Brasileiros em situação ilegal nos Estados Unidos comemoram novas regras do governo americano sobre imigração

Anunciado nesta semana pelo governo dos Estados Unidos, o pacote de medidas de proteção a imigrantes ilegais casados com cidadãos do país ainda não entrou em vigor. Mas já é motivo de comemoração por parte de brasileiros que vivem irregularmente em território norte-americano (eles são 230 mil, de um total aproximado de 1,1 milhão, e nem todos se enquadram nas novas regras).

Dentre os mais felizes está Giovana (que prefere ocultar o sobrenome), de 40 anos. Ela deixou tudo o que tinha no Espírito Santo e cruzou ilegalmente a fronteira mexicana com os Estados Unidos em 2008, quatro anos após ter sido deportada de solo norte-americano pela primeira vez.

Já a segunda e bem-sucedida tentativa resultou no estabelecimento de raízes, incluindo o casamento e três filhos com um cidadão local, além de uma empresa de limpeza doméstica em Woburn, no Estado de Massachusetts. Detalhe: ela ainda não tem documentação legal como imigrante e vive, portanto, de forma clandestina.

“Essa é uma grande vitória pra todos nós que somos casados com cidadãos americanos”, ressalta. “Poderei pedir o perdão ao governo americano por entrar aqui ilegalmente, e não será preciso ir ao Brasil para esperar a decisão.”

Ela acrescentou que a obtenção do tão desejado “green card” (o visto de residência permanente que abre as portas para o pedido de cidadania no país) esbarrava na incerteza de conseguir formalizar sua situação. E no medo de ser separada de sua família.

Entenda

Pelo sistema vigente, o processamento do pedido (já complexo por si só) dependia do retorno do imigrante irregular ao seu país de origem, onde deveria esperar a resposta sobre o documento. Mas essa etapa poderia durar meses, além da possibilidade de ter o pedido negado por conta de inadmissibilidades no processo (como a deportação anterior de Giovana, por exemplo).

Com as mudanças, porém, os requerentes poderão continuar no país enquanto buscam um status legal. Sob a nova política, cerca de 500 mil cônjuges, além de enteados (estimados em 50 mil) de cidadãos norte-americanos, serão protegidos da deportação e terão oportunidades de obter cidadania e vistos de trabalho.

Para se qualificar, os maridos ou esposas deverão demonstrar residência contínua de dez anos ou mais no país e ter se casado antes de 17 de junho deste ano. Também será fundamental não possuir antecedentes criminais.

“Eu vim atrás do sonho da América, de construir um vida aqui neste país. Só faltava o documento para a gente desfrutar mais da nossa vida”, prossegue a brasileira. “Agora estou realizada como mulher, esposa e mãe, pois terei meu sonho americano concretizado.”

Para Giovana, a nova política representa não apenas um alívio em termos legais, mas também emocional: além do medo contínuo de ser descoberta e deportada, uma das maiores dificuldades para um imigrante sem documentos é a saudade de familiares deixados no Brasil, já que uma visita ao país de origem facilitaria a descoberta da situação irregular e a impossibilidade de reingresso nos Estados Unidos.

“É muito complicado morar em um país e não poder sair dele”, contou a empreendedora. “Não consigo imaginar como será o reencontro com meus familiares quando eu puder viajar.”

Por Redação

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