Brasileiro preso em Portugal matou amigo por pensar que ele era canibal, diz irmã da vítima

Begoleã Fernandes, de 26 anos, preso no aeroporto de Lisboa suspeito de homicídio, confessou o crime em uma mensagem enviada a um amigo, segundo relataram familiares da vítima, o também brasileiro Alan Lopes. Na mensagem, Begoleã, que residia em Amsterdã (Holanda), afirma que Alan era canibal e que planejava comê-lo, tendo agido em legítima defesa.

No áudio, Begoleã, que é mineiro de Matipó, dirige-se a um outro amigo brasileiro para pedir dinheiro, com o objetivo de reunir recursos para deixar a Holanda. Nas mensagens, ele relata ter sido convidado para um churrasco na casa de Alan, mas que, por suspeitar do brasileiro, levou uma faca para o local e agiu em legítima defesa. Os áudios foram entregues para as autoridades holandesas.

Begoleã era visita frequente na casa da família de Alan, que residia em Amsterdã há sete anos com a mãe e a irmã. A vítima trabalhava em um açougue. Nas últimas semanas, Begoleã apresentava discurso paranoico e desconexo, segundo familiares da vítima, que estavam viajando na França no momento do crime.

“Está confuso para todos nós essa história de canibalismo. Ainda mais vindo do meu irmão, não tem lógica”, disse Kamila dos Anjos Lopes, irmã de Alan. “Essa pessoa (Begoleã) é amigo de dois, três anos, do meu irmão. Meu irmão abrigava ele, já que ele não tinha casa, moradia. Meu irmão ajudava muito ele. E, infelizmente foi assim que ele retribuiu.”

Ainda segundo Kamila, Alan chegou a doar roupas para Begoleã, que, no momento, devia dinheiro ao jovem de 21 anos. Segundo a imprensa portuguesa, o brasileiro preso chegou a falar aos agentes do Serviço de Emigração e Fronteiras (SEF) de Portugal que Alan tentou cobrar a dívida antes do crime. Begoleã, no entanto, também falou em “canibalismo” no momento em que foi detido.

“Em outro áudio, ele fala que meu irmão matava as pessoas e levava para o açougue, onde meu irmão trabalhava. Isso é uma loucura. Meu irmão não tinha acesso nenhum ao açougue fora do horário de trabalho. Do jeito que ele entrava ele saia: com o dono abrindo e fechando a loja. Não tem lógica falar uma coisa dessas”, diz Kamila.

O brasileiro foi preso em Lisboa ao chegar de um voo vindo da Holanda, na última segunda (27). Ele iria embarcar em outra aeronave com destino ao aeroporto de Confins, quando os agentes do SEF perceberam que ele utilizava um documento italiano falso. Posteriormente, descobriram que havia um mandado de prisão em seu nome emitido pelas autoridades holandesas.

Begoleã será submetido ao processo de extradição e pode ser enviado de volta para a Holanda, segundo o SEF.

Na sua bagagem, foi encontrada uma embalagem de plástico contendo carne, da qual não foi possível determinar a origem. O material foi enviado para análise pela autoridades portuguesas. Apesar das suspeitas de que poderia se tratar de material orgânico humano, a família da vítima afirma que não se trata da carne de Alan Lopes, cujo corpo está intacto, segundo a polícia holandesa.

Segundo Kamila, a família deverá ter novidades da polícia nesta quinta (2), quando o corpo do irmão for liberado.

Vizinhos 

A irmã de Alan Lopes afirma que ela e o restante da família deixaram a casa em Amsterdã no sábado (25) pela manhã, quando partiram em viagem para Paris, na França. Horas mais tarde, Alan chamou amigos para ir visitá-lo em casa, entre eles Begoleã.

No dia seguinte, vizinhos relataram terem ouvido “barulho de briga” vindos da residência, mas afirmaram também que os sons logo cessaram. Também no domingo, Begoleã enviou uma mensagem de áudio a um outro amigo brasileiro pedindo dinheiro para deixar o país e acusando Alan de ser canibal.

Um grupo de oito amigos da dupla decidiu, então, ir até o endereço de Alan e averiguar o que estava ocorrendo. Eles tentaram arrombar a porta mas, sem sucesso, buscaram ajuda da polícia.

“A porta fica de frente para uma escada. No momento em foram subir, falaram: ‘Eu vejo sangue’. Na hora de fazer a curvinha da escada, um amigo disse que a polícia já saiu correndo, falando que tinha um corpo”, diz Kamila.

Por Redação

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